Alerj homenageia os 70 anos da SBPC com Medalha Tiradentes

A mais alta condecoração da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro foi entregue em cerimônia realizada no dia 12 de junho com a presença de pesquisadores, professores e representantes de entidades científicas e acadêmicas de todo o País

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) recebeu, nessa terça-feira (12), a mais alta condecoração da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), a Medalha de Tiradentes.

O presidente da Comissão de Educação da Alerj, Comte Bittencourt, teve a iniciativa de organizar a sessão especial em homenagem aos 70 anos de fundação da SBPC que contou com a presença de pesquisadores, professores e representantes de diversas entidades científicas e acadêmicas, do Rio de Janeiro e de todo o País. Os participantes trouxeram reflexões e histórias de luta e militância da SBPC.

“Hoje estamos reunidos para homenagear os 70 anos de existência e resistência da SBPC, que luta pela independência do nosso país por meio da inteligência, a partir da educação pública e, por isso, merece de todos nós o reconhecimento e os aplausos”, disse o deputado Comte Bittencourt durante a abertura da sessão no Plenário Barbosa Lima Sobrinho.

Na sessão especial também foi discutida a grave situação nas áreas de ciência, tecnologia e inovação, no Estado e no País todo, com os cortes orçamentário drásticos.

“Tivemos um auditório com uma presença representativa da ciência e tecnologia do Rio de Janeiro e do Brasil. Foi uma solenidade que nós aqui chamamos de sessão pela resistência do conhecimento no nosso estado, que sinalizou, em nome do parlamento fluminense, a prioridade da agenda pública com relação à ciência, pesquisa e inovação”, declarou Comte, ao Jornal da Ciência.

Representando a Fiocruz, estava o pesquisador Carlos Gadelha, que relembrou a luta da SBPC pela democracia e direitos humanos durante a ditadura militar, quando muitos pesquisadores foram exilados.

A vice-presidente Regional da Academia Brasileira de Ciências (ABC), professora Lucia Previato, destacou a luta histórica da SBPC em defesa da ciência, tecnologia e educação, e a preocupação, desde sua fundação, de discutir a função social dos cientistas. Ao encerrar, disse que as duas entidades [ABC e SBPC] juntas lutam para que o Brasil não perca o que já conquistou no desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação. “O Brasil não pode perder tempo; isso será fatal para o progresso da ciência”.

O presidente de honra da SBPC, professor Otávio Velho, ressaltou a importância da SBPC na criação das Fundações de Amparo à Pesquisa nos estados da Federação, e, me particular, da SBPC-RJ, colaborando com a entidade em escala nacional, por exemplo, com a criação do projeto Ciência Hoje.

O professor Ronald Shellard, diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), criticou os cortes no financiamento da ciência: “Eu entendo mecânica quântica, mas não entendo como um país que tem um orçamento de 3 trilhões e quinhentos bilhões de reais, não tem dinheiro para investir em ciência, tecnologia e inovação”.

A representante da Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), Danielle Balbi, falou em nome dos futuros cientistas brasileiros: “Mesmo com os constantes cortes de recursos financeiros, seguimos lutando”. Lembrou também a criação da ANPG em uma reunião anual da SBPC, e tem sido uma grande parceira desde então.

O presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, agradeceu ao deputado Comte pela iniciativa e fez um balanço histórico dos 70 anos de atuação em todo o País da entidade, fundada no dia 08 de julho de 1948. Ele destacou, em especial, palestras memoráveis organizadas no Rio de Janeiro, como a do médico sanitarista Alvaro Osório de Almeida, que em 1949 falou sobre o valor da ciência. Lembrou também que foi a SBPC/RJ que organizou, em 1952, a conferência com o Nobel de física, Richard Feynman, sobre ensino da física, conhecida no mundo inteiro.

Moreira criticou os planos atuais de governo que, em sua maioria, não tocam nas questões científicas e de educação de qualidade. “Esta cerimônia um ato de resistência”, disse, reforçand a declaração de Comte, ”mas de avanço também, porque a gente está não só discutindo o desmonte da ciência que está acontecendo em escala federal e estadual, mas também queremos propor alguns pontos que temos que avançar”, acrescentou.

Ele destacou que SBPC está realizando uma série de oitos seminários temáticos ao redor do País com a intenção de discutir propostas de políticas públicas e produzir documentos para os candidatos ao Executivo e Legislativos levarem em consideração em seus projetos políticos.

Em particular, Moreira fez uma chamada para a comunidade científica do Rio de Janeiro discutir um projeto de reestruturação do Estado. “O Rio de Janeiro está em uma situação muito crítica e é fundamental que a comunidade científica pense em um programa de recuperação mais geral do estado, em que ciência e tecnologia e educação sejam vetores importantes, ainda mais em um ano eleitoral em que iremos discutir propostas para os candidatos, tanto do executivo, quanto do legislativo”, disse.

Ao final, o presidente da SBPC informou as atividades nacionais que a SBPC vem querendo fazer no País, como uma Marcha Pela Ciência no dia 8 de julho – Dia Nacional da Ciência e Dia Nacional do Pesquisador. Ele contou também que no dia 12 de julho será realizada uma Marcha Pela Ciência no Congresso Nacional, sobre a qual destacou o empenho do deputado Celso Pansera, presente na sessão, que foi o responsável pela Comissão Geral sobre essa manifestação em Brasília. Moreira convidou a todos para participarem desta manifestação e, concluindo, reiterou: “Recurso para Ciência & Tecnologia e educação não é gasto, é investimento”.

Jornal da Ciência, com colaboração de Leandro Lobo, secretário regional da SBPC-RJ, e Sidcley Lyra