Aversão do governo a pesquisa e ciência ameaça existência do CNPq

Presidente da SBPC diz que desde o ano passado se sabia que recurso do CNPq era insuficiente. Câmara discute situação em audiência

A Câmara dos Deputados sedia nesta quarta-feira (28) uma audiência pública para debater o iminente esgotamento de recursos e o bloqueio de 84 mil bolsas de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Situação que vai deixar milhares de professores e estudantes de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado sem condições de manter seus trabalhos.

“Não querem que se faça pesquisa no país. Se você desmonta a principal agência que apoia os pesquisadores, a mensagem que passa é que não vale a pena ou não se tem interesse em desenvolver a ciência no país”, avaliou o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira.

A situação orçamentária do CNPq vai ser discutida às 9h, no plenário 13 da Câmara, com a presença de representantes da ciência brasileira e o presidente do CNPq, João Luiz Filgueiras de Azevedo. Segundo Moreira, o problema teve início ainda na discussão do orçamento de 2019, no ano passado. O recurso destinado ao CNPq ficou cerca de R$ 330 milhões abaixo do mínimo necessário para manter o trabalho normal do órgão.

“Alertamos o governo (do ex-presidente Michel) Temer, o ministro (Gilberto) Kassab, os relatores do orçamento, fizemos audiência pública. Apontamos que faltaria cerca de R$ 330 milhões para o CNPq cumprir o compromisso de bolsas. Quando entrou o governo de Jair Bolsonaro nós também alertamos isso. É uma situação dramática e não temos visto sensibilidade por parte do governo para resolver essa situação, com exceção do Ministério da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes”, explicou o presidente da SBPC. As bolsas do CNPq exigem dedicação exclusiva, ou seja, os pesquisadores não têm outra fonte de renda.

Veja o texto na íntegra: Rede Brasil Atual