Brasil pode se orgulhar do Mamirauá e da Amazônia

Presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro conta sobre sua visita ao Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, em Tefé, no Amazonas

Participei da minha primeira reunião do Conselho de Administração do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) – de que sou membro, na qualidade de presidente da SBPC -, perto de Tefé, no Estado do Amazonas, entre 28 e 31 de maio. A Sociedade Civil Mamirauá (SCM) foi criada no ano de 1990, a partir do empenho de José Márcio Ayres, que estudara o macaco conhecido como uacari branco, então em risco de extinção, e pretendia que fosse criado um espaço tanto para sua preservação, quanto para seu estudo.

Assim se fez; na época, eu era membro do Conselho Deliberativo do CNPq, lembro ter visto José Márcio falar para nós, e o presidente da agência, que era José Galizia Tundisi, me convidou para conhecer a região. Não tive a oportunidade, que somente se realizou trinta anos depois (mas parece que o tempo voou, o calendário vai mais rápido que a percepção pessoal do tempo). Infelizmente, José Márcio deixou esta vida muito cedo, aos 49 anos de idade, apenas dois anos depois de se formalizar a criação do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.

É um lugar belíssimo, contrastando com a precariedade da cidade de Tefé. Admirei as instalações do Mamirauá, que tem um campus (ao qual chamam de sede) com vários prédios e laboratórios, e ainda um prédio no centro da cidade, que é da SCM, mas passou para o IDSM recentemente reformado e que foi reinaugurado em nossa presença.

Já o espaço na floresta é esplêndido. Tem várias estações flutuantes, nas quais se pode hospedar vários pesquisadores ao mesmo tempo – e até uma pousada, a Uakari Lodge, que recebe hóspedes ao longo do ano, contribuindo para gerar recursos para o Instituto. A pesquisa realizada é bem difundida e demonstra qualidade. Os fundos para o Instituto Mamirauá provêm majoritariamente da União, por meio do MCTI, cobrindo de modo geral a folha de pagamentos. Soube que nenhum funcionário de lá é servidor público. O formato de gestão é de OS, permitindo flexibilidade, e facilitando ingresso de recursos internacionais.

Estavam presentes grandes conhecedores da região, como Ana Rita Ayres Pereira, primeira diretora efetiva do Instituto, Helder Lima de Queiroz, que sucedeu a ela, o atual diretor, João Valsecchi do Amaral, e ainda outros conselheiros, a saber, Fabiano Silva, da Fundação Vitória Amazônica – FVA e Fabio Larotonda, representante do MCTI no Conselho. Alta qualidade de todos.

O Brasil pode se orgulhar do Mamirauá e da Amazônia. Recomendo a quem tenha interesse científico, ou mesmo queira apreciar a beleza intensa da região, que visite esse espaço admirável.

Renato Janine Ribeiro, presidente da SBPC