Ciência e saberes tradicionais por uma Amazônia soberana e sustentável

Moção aprovada por unanimidade pela Assembleia Geral Ordinária de Sócios da SBPC ressalta potencial da região Amazônica para ser “território totalmente orientado pelo conhecimento científico e pela interação empática com saberes e práticas milenares de relação do ser humano com a natureza” 

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) encaminhou, no dia 8 de agosto, ao ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, a moção “Ciência e saberes tradicionais por uma Amazônia soberana e sustentável”. O documento foi aprovado por unanimidade pela Assembleia Geral Ordinária de Sócios da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada em 28 de julho de 2022, na Universidade de Brasília (UnB), por ocasião da 74ª Reunião Anual da SBPC.

Também encaminhado ao ministro da CT&I, Paulo Alvim, e à Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o texto ressalta o potencial da região Amazônica para ser um “território totalmente orientado pelo conhecimento científico e pela interação empática com saberes e práticas milenares de relação do ser humano com a natureza.”

Entretanto, na contramão de seu potencial de gerar riqueza e desenvolvimento sustentável, a Amazônia hoje é um modelo de inexistência de projeto nacional brasileiro e passa por um período da história de desregulamentação de políticas de proteção ambiental e de direitos dos povos originários, além de uma crise de institucionalidade na relação Estado e sociedade. É assim que a moção descreve o cenário de desmantelo atual.

“A região, que corresponde a 60% do território do País e engloba nove estados, sofre sistematicamente com a precarização das instituições e das políticas públicas e com práticas de violência sobre territórios, povos, e comunidades tradicionais. Uma violência contínua atinge a Amazônia pelas frentes predatórias de exploração dos recursos naturais, agressões aos biomas, ecossistemas, territórios indígenas, em ondas crescentes de desrespeito aos direitos constitucionais de grupos humanos e de proteção ambiental. As políticas nacionais de ciência e tecnologia vivem uma paralisia institucional por falta de recursos, por risco de descontinuidade e por perda da capacidade indutora de mudanças”, continua o texto.

A moção indica a instituição de um cenário favorável ao diálogo da ciência com as sociedades amazônicas como um novo caminho que precisa ser traçado. “A Amazônia é um campo privilegiado para o desenvolvimento científico em todas as áreas de conhecimento. E deveria ser priorizada como laboratório de inovação, de interdisciplinaridade e sustentabilidade. A região tem potencial para ser um território totalmente orientado pelo conhecimento científico e pela interação empática com saberes e práticas milenares de relação do ser humano com a natureza”, afirma o documento.

Confira a moção neste link.

Jornal da Ciência