Cientistas pedem que equipe de Bolsonaro “explique como vai chegar aos resultados prometidos”

Presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, quer saber como o futuro ministro Marcos Pontes pretende elevar os investimentos em ciência e tecnologia de 1% para 3% do PIB: "É uma proposta audaciosa, tem que ver como que faz".

Alguns dos maiores nomes da ciência brasileira se reuniram esta quarta (07) no Congresso Nacional para debater a crise nas universidades públicas e a situação econômica da área de ciência e tecnologia no contexto do orçamento de 2019. Nenhum membro da equipe de transição de governo se manifestou durante a audiência pública, que ocorreu em um dos plenários da Câmara dos Deputados. Após o evento realizado pela Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, o Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, falou ao GLOBO sobre as inseguranças e demandas da comunidade científica brasileira em relação a 2019.

O cientista classifica a promessa de campanha do presidente eleito Jair Bolsonaro, de aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento para até 3% do PIB, como “ambiciosa” e diz estar curioso para saber como será tirada do papel. Também estiveram presentes na reunião membros da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

Qual a conclusão da audiência de hoje?

Uma sensação que tive, e falei sobre isso durante a reunião, é que algumas pessoas ainda ficam pensando em subsistência do sistema, como se fosse cabível comemorar que será possível o CNPQ manter o mesmo número de bolsas de pós-graduação para o ano que vem. E isso é ruim. O Brasil não vai para frente assim. Não podemos pensar que temos de manter o sistema porque temos uma crise econômica, é o contrário. É exatamente porque temos uma crise que temos de investir em ciência e tecnologia, foi assim que muitos outros países saíram de crises anteriores. Falta ambição, e aqui me refiro inclusive à própria comunidade acadêmica. Temos muitos desafios pela frente.

Veja o texto na íntegra: O Globo