Comissão propõe avaliação multidimensional para a pós-graduação

Painel no terceiro dia da 72ª Reunião Anual da SBPC debateu pontos fortes e problemáticos no acompanhamento do PNPG 2012-2020

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A necessidade de um novo modelo multidimensional de avaliação e uma reformulação do sistema Qualis são as principais mudanças apontadas como necessárias pela comissão de acompanhamento do Programa Nacional de Pós-Graduação (PNPG) 2012-2020.

O relatório da comissão foi apresentado e debatido nesta quarta-feira (7/10) durante o painel “Discussão sobre a proposta de aprimoramento da avaliação da pós-graduação brasileira”. O painel é parte da programação do segundo ciclo da 72ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em versão estendida e virtual.

Coordenado pela vice-presidente da SBPC, Fernanda Sobral, o debate contou com a participação do presidente e do vice-presidente da comissão, os professores Jorge Luís Nicolas Audy, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e Adalberto Luís Val, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Também participaram a presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) e integrante do Grupo de Trabalho (GT) sobre Educação Superior da SBPC sobre políticas da CAPES, Geovana Lunardi, e o coordenador do GT sobre Educação Superior da SBPC, Carlos Alexandre Netto, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Segundo o coordenador da Comissão de Acompanhamento do PNPG, instalada em 2016, o relatório foi elaborado com a participação de 14 instituições ligadas à educação, ciência e tecnologia, entre elas a SBPC, sobretudo no seu início. Aponta dez itens para aprimoramento, com destaque para a recomendação de um modelo multidimensional de avaliação e a revisão do Qualis.

O modelo multidimensional abrange cinco dimensões – formação de pessoal, pesquisa, inovação e transferência de conhecimento, impacto na sociedade e internacionalização. A ideia é que ao final de cada ciclo avaliativo, cada PPG terá um resultado para cada dimensão, permitindo reconhecer a qualidade e diversidade de cada uma delas. Em maio deste ano, a comissão apresentou propostas de indicadores para cada dimensão.

“De junho para cá fizemos mais de 30 apresentações para todos os coordenadores de área, o Foprop (Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação), a ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduação) e agora a SBPC, permitindo reflexões para efeito de análises e contribuições. Nossa recomendação é muito enfática que o sistema precisa de pelo menos um ano para que seja bem elaborado, não vemos condições de o próximo ciclo começar em primeiro de janeiro de 2021 pela absoluta falta de convergência e de consenso”, afirmou Audy.

Adalberto Luís Val fez um balanço sobre os resultados do PNPG 2012-2020, destacando alguns aspectos como a assimetria inter-regional, a atuação das agências de fomento – Capes e CNPq – e a necessidade de um redesenho total do Qualis. Na avaliação dele, o PNPG não resolveu um problema histórico da assimetria inter-regional e também dentro das regiões. “Acho que precisamos conversar mais porque essa assimetria geográfica é uma questão importante”, afirmou Val.

Carlos Alexandre Netto disse que o modelo multidimensional é altamente necessário e também traz um balanço entre os aspectos quantitativos e qualitativos. “Os cursos de Pós-Graduação não têm que ter todos a mesma missão, podem ter como principal missão o desenvolvimento regional ou a contribuição para a grande ciência global e mundial, são todas missões extremamente relevantes”, comentou. Segundo ele, a revisão do Qualis foi também um dos pontos destacados no documento que a SBPC encaminhou à comissão.

Geovana Lunardi lembrou que só na área de educação há hoje quase 200 programas, presentes em todo o território nacional e que o sistema “grande e pesado” necessita formas de se constituir um novo modelo de avaliação. “Todos nós entendemos a necessidade de aprimorar o modelo de avaliação, é uma história muito consolidada, importante, que deu muito certo, mas a gente tem já coisas incompatíveis considerando o tamanho do sistema”, disse Lunardi.

As duas grandes preocupações apontadas a partir da divulgação do relatório da comissão foram as sugestões de redução das áreas – quais estudos ou indicadores apontam essa necessidade? – e a redefinição do Qualis, dada a diversidade entre as áreas de conhecimento.

Assista ao debate na íntegra na página da SBPC no Youtube.

Jornal da Ciência