Especialistas participam do terceiro e último debate sobre a covid-19 promovido pela Associação Interciência

Evento virtual organizado pela SBPC trouxe participantes de cinco países da América e Caribe para falar da abertura controlada de atividades escolares, econômicas e sociais e suas perspectivas para a segunda onda da pandemia

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O ciclo de debates “A Situação da pandemia da COVID-19 na América” promovido pela Associação Interciência chegou ao fim nesta terça-feira (24/11) com o terceiro e último painel virtual. Organizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e pela Associação Interciência, o debate foi aberto pela professora Ana Teresa Vasconcelos, vice-presidente da Interciência e representante da SBPC nessa associação, e reuniu pesquisadores, cientistas e acadêmicos indicados por associações civis ligados à área da saúde de cinco países: Equador, Paraguai, Cuba, Jamaica e Canadá.

Com moderação de Aleida Rueda, presidente da Rede Mexicana de Jornalistas de Ciência, os participantes trouxeram experiências da abertura controlada de atividades escolares, econômicas e sociais e falaram de suas perspectivas para a segunda onda da pandemia que já atinge os Estados Unidos e a Europa.

Prabhat Jha, médico epidemiologista e professor da Dalla Lana School of Public Health, do Canadá, centrou sua exposição nos resultados de um estudo de prevalência da doença no país, realizado em parceria com a Universidade de Toronto e outras instituições. Jha comparou a primeira pandemia do século XXI com a primeira do Século XX, a influenza ocorrida em 1918, que teve três ondas de contaminação. “Minha impressão é de que no Canadá a primeira onda atingiu mais os idosos nas casas de repouso, a segunda onda será menor, mas importante comparada com a primeira, e certamente teremos uma terceira onda”, previu.

Comentando sobre as medidas de prevenção à segunda onda, que vem sendo tomadas em vários países, Guilhermo Sequera, médico do Ministério da Saúde do Paraguai, disse que seu país está atento às escolas e a setores produtivos que movem a economia, principalmente o agropecuário. Segundo ele, alguns desses setores nunca pararam e a partir de outubro, as autoridades de saúde começaram a fazer uma abertura gradual do comércio e de eventos culturais e esportivos. “Hoje diante de uma nova onda que já está chegando, talvez fecharemos algumas áreas que acabamos de abrir, porque são as de maior risco”, afirmou. E completou: “Deixaremos (abertas) as atividades mais essenciais, toda a parte de educação que vai seguir funcionando, obviamente com todo o protocolo, uso de máscaras, boa ventilação do local e todas as medidas necessárias para que voltem à normalidade.”

Pedro Más Bermejo, pesquisador do Instituto de Medicina Tropical Pedro Kouri, de Cuba, falou das vacinas contra a covid que seu país está desenvolvendo, a Soberana 1 e 2. Segundo ele, os testes da fase de 2 e 3 das vacinas devem começar no fim de dezembro e início do próximo ano com um grupo de 150 mil pessoas. “Nossos cientistas acreditam que em março estaremos aplicando (as vacinas) de forma mais massiva”, disse Bermejo.

Gabriel Trueba, da Universidad San Francisco de Quito, do Equador, contou sobre os esforços do país onde a pandemia chegou primeiro no continente sul-americano, em 29 de fevereiro. Segundo Trueba, o número oficial de mortos pela doença (1.129) é pouco confiável já que não houve testes suficientes e o comportamento do vírus variou muito de região para região. “A saída da quarentena produziu um aumento de casos em várias partes, menos em Guayaquil”, exemplificou, referindo-se à segunda cidade mais importante depois da capital, Quito.3a-painel-interciencia-24-11-2020-2

Arnoldo Ventura, da Caribbean Academy of Science, da Jamaica, enfatizou a necessidade de colaboração científica entre os caribenhos e os demais países do continente americano. “A covid-19 mostrou indubitavelmente que a ciência é indispensável para resolver nossos problemas modernos e, nesse caso, primeiro para controlar a pandemia, segundo para ajudar na recuperação socioeconômica”, declarou Ventura.

Assista ao painel na íntegra, no canal da SBPC no Youtube

Jornal da Ciência