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Prêmio FCW de Ciência, Cultura e Medicina é entregue em SP

A Fundação Conrado Wessel (FCW) realizou na 2ª. feira (09/06) a cerimônia de entrega do Prêmio FCW de Ciência, Cultura e Medicina 2013. Nesta edição, os premiados por sua contribuição à sociedade foram o parasitologista Luiz Hildebrando Pereira da Silva, da Fundação Oswaldo Cruz, em Rondônia (em Ciências), José Rodrigues Coura, do Laboratório de Doenças Parasitárias do Instituto Oswaldo Cruz, da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro (em Medicina), e a arqueóloga Niéde Guidon, da Fundação Museu do Homem Americano - Centro Cultural Sérgio Motta, no Estado do Piauí (em Cultura). O evento contou com diversos representantes da área cientifica, entre eles, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader. A cerimônia aconteceu na Sala São Paulo e foi finalizada com a apresentação da Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo (USP), sob a regência do maestro Ricardo Bologna.
Entre os agraciados estão Luiz Hildebrando Pereira da Silva, José Rodrigues Coura e Niéde Guidon
A Fundação Conrado Wessel (FCW) realizou na 2ª. feira (09/06) a cerimônia de entrega do Prêmio FCW de Ciência, Cultura e Medicina 2013. Nesta edição, os premiados por sua contribuição à sociedade foram o parasitologista Luiz Hildebrando Pereira da Silva, da Fundação Oswaldo Cruz, em Rondônia (em Ciências), José Rodrigues Coura, do Laboratório de Doenças Parasitárias do Instituto Oswaldo Cruz, da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro (em Medicina), e a arqueóloga Niéde Guidon, da Fundação Museu do Homem Americano – Centro Cultural Sérgio Motta, no Estado do Piauí (em Cultura). 

O evento contou com diversos representantes da área científica, entre eles, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader. A cerimônia aconteceu na Sala São Paulo e foi finalizada com a apresentação da Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo (USP), sob a regência do maestro Ricardo Bologna.

Todos os ganhadores ficaram emocionados e relataram a importância do prêmio para a área científica. Luiz Hildebrando Pereira da Silva, reconhecido especialmente pelo estudo da malária, ressaltou que o prêmio não é só dele, mas de toda a equipe que trabalhou com ele, formada por jovens e colaboradores, oriundos de diversas instituições. Ele também atribui a premiação ao seu trabalho iniciado no Instituto Pasteur, na França. “Aceitei o prêmio após descobrir que a Fundação valoriza a contribuição científica e social do premiado para o Brasil, e acho que contribui com o trabalho pelo desenvolvimento na Amazônia. Tenho certeza que este prêmio é uma honra para jovens e equipes que estão em desenvolvimento na Amazônia e que trabalham para que as desigualdades regionais e a agressão que sofre aquela região possam ser erradicadas”, disse. 
Já Coura, que é especialista em doenças infecciosas e parasitárias, mas que se destacou por desenvolver estudos que ajudaram no controle da Doença de Chagas no Brasil, disse que se sentiu muito honrado já que o Prêmio FCW, que para ele e outros, é o Prêmio Nobel Brasileiro, é também um prêmio que não se pleiteia. “Não vou ter falsa modéstia e dizer que não merecia. Merecia sim porque trabalhei durante 55 anos e acredito que ele seja o reconhecimento de uma vida. E por outro lado, essa avaliação foi feita por pessoas de alto nível. Estou muito feliz”, ressaltou. E completou, “confesso que a minha melhor contribuição para o País foi ter formado mais de 200 doutores porque tenho certeza que eles estão reproduzindo o que aprenderam comigo e o que me ensinaram”, disse.
Desafios da ciência
O presidente da FCW, Américo Fialdini Júnior, ressaltou que para desenvolver a pesquisa é preciso financiamento, reconhecimento e condições de vida razoáveis. “O prêmio Conrado Wessel reconhece os talentos brasileiros, que é uma coisa que a nossa sociedade não faz muito bem. Temos que aprender a reconhecer melhor nossos grandes médicos, artistas e cientistas. Este prêmio é uma caminhada de 12 anos para reconhecer estes talentos brasileiros”, disse. Ele ressaltou ainda o trabalho feito pela Niéde como exemplo. “Ela é uma mulher maravilhosa, um exemplo fantástico de trabalho no Brasil por manter um dos maiores sítios arqueológicos do mundo. Contra tudo e contra todos, sem grandes apoios, ela mantém um negócio que o nosso país deveria dar mais atenção. Dar mais suporte”, comentou.
Antes da entrega do prêmio, Niéde lamentou a situação atual da Fundação Museu do Homem Americano. “Não temos verbas nem para pagar os funcionários”, reclamou. Durante seu agradecimento, ela ressaltou que é necessário que o Brasil dê importância a Serra da Capivara, que está no estado mais pobre do País. “A Serra, que é uma coisa maravilhosa, tem hoje mais de 1400 sítios descobertos, sendo que 942 com arte rupestre. É uma coisa única, além de toda essa parte cultural que proporciona, o local demostra o contrário do que se dizia quando eu estudei arqueologia de que o homem americano não tinha uma tecnologia desenvolvida igual aos da Ásia e Europa. E que as pinturas da América eram iguais as de crianças. Na Serra da Capivara nós podemos mostrar que as técnicas desses povos eram tão avançadas quanto às outras. Nós temos que ter orgulho e temos que conseguir manter para sempre a Serra da Capivara “, finalizou.
Helena B. Nader  afirmou que o Prêmio FCW é um dos mais importantes da ciência brasileira e que a 12ª edição foi muito especial porque todos os premiados têm histórias incríveis. “Tive o privilégio de vivenciar com orgulho a solenidade dos três premiados”, disse. A presidente da SBPC também ressaltou as contribuições dos premiados. “A Niéde é uma paulista que migrou para o Piauí e com o seu trabalho descobriu que a teoria da migração do homem americano do norte para o sul estava errada. Por meio das escavações na Serra da Capivara e com dados levantados por ela, como as pinturas rupestres – com datação, tipo de tinta, e material utilizado – acredita-se hoje que o homem americano deve ter em torno de 100 mil anos. O prêmio pela Cultura, portanto, foi merecido porque ela está lutando para preservar a Serra da Capivara. O governo não ajuda. E ela está lá, lutando por um ideal”, elogiou.
Ao falar de Hildebrando, Helena lembrou de sua trajetória e do seu envolvimento com a política que o levou ao exílio duas vezes. “Hildebrando, sempre envolvido com a política, é de grande importância na ciência. Na França ele foi diretor do Departamento de Imunologia do Instituto Pasteur de Paris. Ao se aposentar, voltou para o Brasil e foi readmitido na USP, mas resolveu ir para a Amazônia e criar o Instituto de Pesquisa em Patologias Tropicais (Ipepatro), na Rondônia”, lembrou.
“Coura é um médico exemplo no seu trabalho sobre a Doença de Chagas. Ele revolucionou o Instituto Oswaldo Cruz, além de ter feito um trabalho fundamental na década de 1970 ao descobrir que havia doadores de sangue contaminados pelo barbeiro. Ele foi o responsável pelo teste antes das doações”, lembrou. E completa, “mesmo quando todos cobram publicações de artigos em revistas de renome, ele foi lá e publicou um artigo em uma que se chamava Memórias do Instituto do Oswaldo Cruz, de impacto 2, mas que teve cerca de 400 citações. Talvez se tivesse publicado na Nature, por exemplo, não tivesse tantas citações”.   
Prêmio de arte
A Fundação também entregou o Prêmio FCW de Arte (Fotografia). O primeiro lugar ficou para Gilvan Barreto, com o trabalho “O livro do sol”.  A segunda colocação foi para Lalo de Almeida, com o trabalho “Belo Monte os impactos de uma megaobra” e a terceira para Roberta Pereira Sant´Anna, com “Parque Aquático”. Eles receberão, respectivamente, R$ 114,3 mil e R$ 42,8 mil (2º e 3º colocados). 
Segundo Barreto, seu trabalho foi inspirado pela poesia de João Cabral de Melo Neto (1920-1999), e a obra reúne imagens feitas pelo fotógrafo no verão de 2013, em viagem ao sertão nordestino em meio à maior seca das últimas seis décadas.  Barreto prepara um novo livro, que dessa vez será dedicado ao mar, fechando uma trilogia iniciada com “Moscouzinho” em 2012. Pernambucano radicado no Rio há oito anos, o fotógrafo também está à frente dos projetos Orquestra Brasileira de Fotografia e Orquestra Pernambucana de Fotografia, que reúnem fotografia e música.
Para Almeida, o prêmio é também uma forma de financiar mais viagens ao Pará, para seguir registrando a construção da usina. O paulistano, que acompanha a obra desde 2009, passou três meses do último ano na cidade de Altamira produzindo o ensaio agora premiado. “É um trabalho solitário, uma documentação a longo prazo”, explica ele, que já havia ficado em segundo lugar no Prêmio Conrado Wessel em 2007.
Roberta, que é natural de Porto Alegre, atualmente mora em Berlim, na Alemanha. As imagens do seu ensaio foram feitas em parques aquáticos do Rio Grande do Sul nos verões de 2012 e 2013.
Histórico

Promovido todos os anos, o Prêmio FCW reuniu, ao longo dos anos, uma coleção de grandes nomes na sua galeria de homenageados. Em Medicina, já foram premiados Marcos Moraes, Miguel Srougi, Angelita Habr-Gama, Ricardo Pasquini, Fúlvio Pileggi, Ivo Pitanguy, Ricardo Renzo Brentani, Adib Jatene, Maria Inês Schmidt e César Gomes Victora.
Em Cultura a homenagem já foi destinada a João Carlos Martins, Paulo Vanzolini, Nelson Pereira dos Santos, Antônio Nóbrega, Ariano Suassuna, Ruth Rocha, Fábio Lucas, Affonso Ávila, Lya Luft e Ferreira Gullar.
Em Ciência as premiações já foram concedidas a Sérgio Rezende, Jorge Kalil, Jairton Dupont, Jérson Lima da Silva, João Fernandes Gomes de Oliveira, Leopoldo de Meis, Ernesto Paterniani, Sérgio Mascarenhas de Oliveira, Ivan Izquierdo, Hisako Gondo Higashi, Wanderley de Souza, Carlos Henrique de Brito Cruz, Isaias Raw, Magno Antonio Patto Ramalho, Luiz Carlos Fazuoli, Jairo Vidal Vieira, Carlos Afonso Nobre, Aziz Ab’Saber, Philip Martin Fearnside, Aldo da Cunha Rebouças, José Galizia Tundisi, Dieter Carl Ernst Heino Muehe e Almirante Alberto dos Santos Franco. Também foram contemplados o Museu Paranaense Emílio Goeldi e o Instituto Agronômico de Campinas.
A FCW foi criada em 1994, após o falecimento do fotógrafo Ubaldo Augusto Conrado Wessel, que explicitou em testamento seu desejo de criar uma fundação voltada para a filantropia, o fomento e apoio às atividades culturais, artísticas e científicas no Brasil. A Fundação distribui, anualmente, desde 2003, mais de R$ 1,2 milhão em prêmios nas categorias FCW de Arte, Ciência, Cultura e Medicina.
 (Vivian Costa/SBPC)