Ex-ministros criticam políticas ambientais em entrevista ao Correio

Marina Silva e Carlos Minc afirmam que governo federal tem de combater o desmatamento e fortalecer órgãos de fiscalização para preservar a Amazônia

O Brasil enfrenta atualmente uma das maiores crises ambientais da história. O crescimento do desmatamento na Amazônia e uma série de queimadas na maior floresta tropical do mundo colocaram o país no centro do debate global. Em entrevista ao Correio, os ex-ministros do Meio Ambiente Marina Silva e Carlos Minc criticam as políticas ambientais do governo Bolsonaro e dizem que é necessário combater o desmatamento e fortalecer órgãos de fiscalização para preservar a região. Marina Silva afirma que, durante os governos dos ex-presidentes Dilma Rousseff e Michel Temer, teve início uma política de desmonte ambiental, aprofundada no atual governo.

Ela acusa o presidente Jair Bolsonaro de incentivar o desmatamento, retirar recursos do Ibama e do ICMBio e se omitir em relação à ação de madeireiros. Marina acredita que é possível retomar a agenda ambiental junto com entidades científicas, ativistas e ex-ministros. Ela disse que, na próxima semana, vai à Câmara dos Deputados propor uma agenda ambiental e a criação de uma comissão especial para tratar do assunto. Carlos Minc critica a liberação de agrotóxicos e diz que a questão ambiental ainda vai gerar boicotes aos produtos brasileiros e sanções que podem levar a perda de milhares de empregos, em razão do descaso com o meio ambiente.

Ponto a ponto

Queimadas
Temos uma situação que causa tristeza e indignação. Nunca nenhum presidente fez um discurso de estimular os crimes ambientais na Amazônia. Alguns fizeram mais, outros fizeram menos por esse setor, mas foi a primeira vez que um governo operou, no discurso e nas ações, para estimular o que está acontecendo agora, com prejuízos que já são incalculáveis para o meio ambiente, para as populações locais, para os interesses comerciais, os acordos internacionais, a diplomacia e para o Brasil .
Isso foi uma irresponsabilidade. Primeiro, o governo deu sinal de que acabaria com a indústria da multa. Depois veio o enfraquecimento do Ibama, do ICMBio. A transferência do Serviço Florestal Brasileiro para o Ministério da Agricultura. O corte no orçamento do ministério. São discurso e prática que desmontaram a governança ambiental.
É a primeira vez que tem um comando de cima para baixo, um discurso político e ação concreta de incentivo a essas práticas. Não é por acaso que chegamos a 39 mil focos de calor. Agora, é preciso tomar medidas com seriedade, credibilidade e competência técnica e gerencial para resolver isso.
Veja o texto na íntegra: Correio Braziliense