Tags:

Hamburger recebe o título de Cidadão Paulistano

Um homem que dedicou a vida à educação e à ciência. Esta é a opinião geral dos convidados em relação ao homenageado Ernst Wolfgang Hamburger, professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) e ex-diretor da Estação Ciência, que recebeu na noite desta segunda-feira (02/12) o título de Cidadão Paulistano, em solenidade realizada na Câmara Municipal. O evento contou com diversos representantes da área científica, entre eles, a presidente da SBPC, Helena Nader; o diretor do Catavento, Sérgio Freitas; o presidente da Fapesp; Celso Lafer.
Um homem que dedicou a vida à educação e à ciência. Esta é a opinião geral dos convidados em relação ao homenageado Ernst Wolfgang Hamburger, professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) e ex-diretor da Estação Ciência, que recebeu na noite desta segunda-feira (02/12) o título de Cidadão Paulistano, em solenidade realizada na Câmara Municipal.
 
O evento contou com diversos representantes da área científica, entre eles, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader; o diretor do Catavento, Sérgio Freitas; a coordenadora de projetos da Escola Politécnica da USP, Roseli de Deus Lopes; o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Celso Lafer, além de professores como Iuda Dawid Goldman Vel Lejbman e Modesto Carvalhosa, entre outros.
 
“Quando vim para São Paulo, eu e minha família fomos muito bem acolhidos e sempre tentei retribuir esse carinho trabalhando para o bem da cidade. Esse título tem um significado muito grande para mim. Quero agradecer à Câmara Municipal e ao vereador licenciado Eliseu Gabriel”, disse Hamburger.
 
Homenageado e aclamado, no auge de seus 80 anos, Hamburger fez duas sugestões em relação à educação e à ciência. “Conheci uma pesquisadora portuguesa que me disse que na Europa os institutos científicos das universidades contam com um departamento para divulgação cientifica. Não só para generalizar a divulgação, mas para ajudar a população a entender a importância da ciência, até mesmo para que as pessoas passem a entender e aceitar as despesas necessárias com pesquisa”, contou.  “A Fapesp já faz isso, mas as próprias universidades deveriam se responsabilizar aqui em São Paulo”, propôs.
 
Quanto à educação, Hamburger agradeceu os elogios ao seu trabalho na área, mas disse que o Brasil ainda está longe de seu ideal, pois é preciso tornar a ciência tão popular quanto o carnaval e o futebol. “Na área de física, temos poucos professores, sobretudo nas regiões mais pobres”, disse. Para melhorar este cenário, ele explica que é preciso valorizar o professor, investir em incentivos, além de propor uma aula mais dinâmica para despertar o interesse do aluno pela disciplina. “Até os meus 100 anos ainda tenho muito trabalho”, finalizou.
 
Para o responsável pela homenagem, o secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo, Eliseu Gabriel, que foi aluno de Hamburger, o professor contribuiu e contribui muito para a educação na capital paulista. “O professor Hamburger veio para São Paulo ainda criança e ficou aqui trabalhando e ajudando no desenvolvimento da cidade. Esse título é muito merecido. É um orgulho tê-lo como nosso conterrâneo”, explicou.
 
Os convidados ressaltaram que a homenagem foi mais que justa, não só pela história de Hamburger, mas também pela pessoa determinante que é. A presidente da SBPC, emocionada, lembrou que ele ajudou na realização da Reunião Anual da sociedade em 1977, quando o governo militar proibiu a realização do evento que seria em Fortaleza. “Graças ao seu trabalho incansável, você conseguiu mobilizar cientistas, estudantes, a sociedade civil em geral, e a reunião aconteceu na PUC-SP”, disse dirigindo-se ao homenageado. “Foi a nossa primeira reunião no exterior, porque sendo a PUC território do Vaticano, os militares não puderam coibir a realização do evento”, explicou. Helena também parabenizou o professor pelo título. “A cidade de São Paulo, humildemente, presta reconhecimento ao seu grande trabalho. Você sempre trabalhou pela ciência e educação, em prol do desenvolvimento de uma nação. Obrigada pelo seu desempenho no ensino, na divulgação cientifica, pela criação de museus de ciência e pela sua atuação na Estação Ciência”, disse.
História
Nascido em Berlim  e naturalizado brasileiro em 1956, Hamburger é professor titular aposentado do Instituto de Física da USP. Especialista em física nuclear, também se tornou referência em divulgação e popularização da ciência. Ajudou a criar e dirigiu por quase dez anos a Estação Ciência, centro de divulgação ligado à Universidade de São Paulo (USP).
Formado em física na USP em 1954, Ernst Hamburger obteve o PhD, com especialização em física nuclear, na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, em 1959. Em 1970, tornou-se professor titular da USP, posição que ocupou até a aposentadoria compulsória, aos 70 anos de idade. Também em 1970, foi preso e processado por sua colaboração com a oposição à ditadura militar. Convidado a lecionar na Inglaterra, teve o exercício da profissão coibido pelo impedimento de sair do Brasil. Optou então por aceitar o convite para ser professor na Universidade Federal da Bahia, em Salvador.
Como coordenador do curso básico de Física Geral e Experimental para as carreiras de exatas, no Instituto de Física da USP, foi um dos artífices da renovação no método de ensino científico no país. A princípio, atuou no âmbito universitário, dando ênfase a aulas práticas de laboratório para tornar o aprendizado mais desafiador. Depois, elaborou diversos projetos destinados à formação de professores do ensino básico.
Foi um dos fundadores do curso de pós-graduação interdisciplinar sobre Ensino de Ciências na USP, com pesquisas sobre o ensino de Física. De 1994 a 2003, dirigiu a Estação Ciência. Em 1994 recebeu o Prêmio José Reis de Divulgação Científica, concedido pelo CNPq. Também recebeu o Prêmio Kalinga de Divulgação Científica no ano 2000, concedido pela Unesco e pela Fundação Kalinga da Índia.
Atualmente, é membro do Conselho da Fundação Catavento, entidade que mantém o Museu de mesmo nome, o mais frequentado da capital paulista.
 
(Vivian Costa)