Lançamento de selos em homenagem a grandes cientistas brasileiros é realizado no Rio de Janeiro

“A iniciativa é muito valiosa e deveria prosseguir. Devemos valorizar isso, porque coloca a ciência no cotidiano das pessoas”, defende o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira

foto-geralA Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançou nesta sexta-feira (14) a emissão especial “Cientistas Brasileiros: César Lattes e Johanna Döbereiner”. Entre os participantes da cerimônia, que foi realizada na sede do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro, estavam representantes da comunidade filatélica (colecionadora de selos), o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Ildeu de Castro Moreira, e o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab.

A tiragem da emissão é de 360 mil selos, com valor facial de R$ 1,85 cada. As peças estarão disponíveis nas agências de todo o país e na loja virtual dos Correios.

“A iniciativa é muito valiosa e deveria prosseguir. Na Inglaterra, as cédulas têm a efígie de grandes cientistas. E em selos muito mais. E os Correios estão na direção certa em resgatar nossa história científica. Devemos valorizar isso, porque coloca a ciência no cotidiano das pessoas”, disse o presidente SBPC, Ildeu de Castro Moreira.

Durante o evento, o ministro defendeu a ampliação dos recursos investidos em ciência, além do fortalecimento das instituições produtoras de conhecimento. A avaliação dele é que, dessa maneira, será possível construir um futuro melhor para o País.

“Minha expectativa é que possamos continuar mantendo o mesmo ritmo de recuperação da ciência brasileira. Precisamos recuperar, precisamos de novos investimentos, precisamos fortalecer os institutos, os trabalhos dentro das universidades para que, efetivamente, a gente possa corresponder às expectativas daqueles que idealizaram um Brasil melhor para que todos nós pudéssemos viver”, destacou.

César Lattes

O físico e matemático César Lattes é um dos maiores nomes da ciência brasileira e foi um dos fundadores do CBPF, em 1949. Ele fez parte da equipe que descobriu a partícula subatômica méson pi, o que acabou por revolucionar a física atômica e culminou na criação de um novo campo de estudos: a física de partículas. Os achados levaram o líder da pesquisa, Cecil Frank Powell, a conquistar o Prêmio Nobel de Física em 1950.

Depois, Lattes estudos os raios cósmicos, montando um laboratório em uma montanha dos Andes bolivianos e utilizando chapas fotográficas melhoradas com boro. O desenho do selo busca ilustrar esses experimentos. Por fim, na textura ao fundo de sua imagem, foram utilizados alguns rascunhos, representando cálculos e fórmulas.

Por suas realizações, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) deu seu nome ao sistema de currículo de cientistas, pesquisadores e estudantes. A Plataforma Lattes registra a vida profissional dos usuários.

“A ideia da cerimônia é celebrar dois grandes cientistas do Brasil, César Lattes e Johanna Döbereiner, que elevaram o patamar da pesquisa brasileira por suas realizações”, afirmou o diretor do CBPF, Ronald Shellard.

Johanna Döbereiner

A engenheira agrônoma Johanna Döbereiner (1924-2000) é uma figura central para a expansão da agricultura no Brasil. Nascida na República Tcheca e emigrada ao Brasil em 1948, ela desenvolveu a tecnologia de fixação biológica de nitrogênio no solo. O método consiste na inserção de bactérias Rhizobium em sementes para que os organismos celulares sirvam como uma espécie de adubo natural. A técnica permitiu que o Cerrado, que tem um solo com elevada acidez, se tornasse um terreno fértil e a principal área de cultivo de grãos do país.

A ilustração do selo demonstra a relação entre uma planta e as bactérias fixadoras de nitrogênio. Como textura ao fundo de sua imagem, foram utilizadas ilustrações em vetor de algumas folhas e leguminosas.

O trabalho iniciado com a soja hoje se estende para diversas outras culturas. Além disso, representou bilhões de dólares em economia para os produtores brasileiros. A fixação do nitrogênio por meio de bactérias torna o cultivo mais barato e natural, uma vez que substitui o uso de fertilizantes nitrogenados, um insumo caro e poluente.

A pesquisa desenvolvida no campo da agronomia garantiu a Johanna Döbenreiner um assento na Academia de Ciência do Vaticano. Além disso, ela foi uma das indicadas ao Prêmio Nobel de Química em 1997.

Jornal da Ciência, com informações do MCTIC

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