Mesmo com produção crescente, mulheres ganharam apenas 3% dos Nobéis de ciência em 120 anos

Fazia 11 anos que a premiação não contemplava três mulheres cientistas na mesma edição, como ocorreu em 2020. Desde 1901, somente 22 pesquisadoras foram reconhecidas. Levantamento mostra que 38% das pesquisas no mundo tem autoras mulheres

8Os prêmios Nobel de ciência deste ano chamaram a atenção para a produção feminina. Fazia 11 anos que a premiação não contemplava três mulheres cientistas no mesmo ano. A raridade é regra. Em 120 anos de Nobel, os prêmios de ciência (Fisiologia ou MedicinaFísica e Química) foram concedidos a 622 pessoas (dois homens receberam duas vezes o prêmio na mesma área). Apenas 3,68% delas eram mulheres.

Na terça-feira, 6, a astrônoma norte-americana Andrea Ghez recebeu o Nobel de Física e se tornou apenas a quarta mulher na história a obter a láurea. Na quarta, 7, foi a vez da microbiologista francesa Emmanuelle Charpentier e da bioquímica americana Jennifer Doudna receberem o de Química, elevando a sete o total de pesquisadoras consagradas na disciplina.

“Nós, astrônomas, costumávamos falar que tínhamos medo de que se a Andrea Ghez acabasse não levando o prêmio, só os homens ganhassem”, conta Duília de Mello, pesquisadora da Universidade Católica da América, em Washington.

Desde 1901, somente 22 pesquisadoras foram contempladas nas três áreas. Foram 23 prêmios para elas, sendo que Marie Curie levou dois – a única pessoa a receber prêmios de duas áreas distintas da ciência: Física e Química. Medicina responde pela maioria dos prêmios científicos femininos: 12.

Na Matemática a situação é ainda pior. A Medalha Fields, considerada o Nobel da matemática, é entregue desde 1936 aos melhores profissionais com menos de 40 anos. A primeira e única mulher a receber a honraria foi a iraniana Maryam Mirzakhani, em 2014. Dentre os 59 homens que já receberam o prêmio, está o brasileiro Artur Ávila, também agraciado em 2014.

Veja o texto na íntegra: Estadão