Observatório Pesquisa, Ciência e Liberdade subscreve nota sobre ataques digitais e segurança de dados da ABA

A iniciativa apoia a busca de formas de segurança digital como modo prioritário de garantia às liberdades acadêmicas

Observatório Pesquisa, Ciência e Liberdade subscreve a nota em alerta aos ataques digitais sofridos pela Associação Brasileira de Antropologia e apoia a busca formas de segurança digital como modo prioritário de garantia às liberdades acadêmicas.

NOTA SOBRE ATAQUES DIGITAIS E SEGURANÇA DE DADOS 

O Comitê de Comunicação e Divulgação Científica da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) vem a público reportar os sucessivos ataques que as redes sociais e o site da ABA têm recebido. Além disso, esta Nota também tem o objetivo de alertar antropólogas e antropólogos para a crescente preocupação com segurança digital, principalmente em tempos em que o digital se tornou uma arena de acirradas disputas.

Desde o final de 2021, as redes sociais da ABA, instrumentos utilizados para promover um contato mais direto com associadas e associados e que obteve um crescimento considerável ao longo da pandemia de Covid-19, se tornaram alvo de ataques. O primeiro caso foi a invasão do Instagram da Associação, com mudança do nome de usuário. Neste caso, a equipe que gere as redes sociais conseguiu retomar o controle da conta, sem maiores prejuízos. É importante observar que a invasão ocorreu no dia seguinte a um importante webinar realizado na TV ABA, com consideráveis repercussões políticas.

Em abril de 2022, novo ataque ocorreu, dessa vez ao nosso Twitter. Nesse caso, ainda que a invasão tenha sido percebida rapidamente, não foi possível reverter a mudança de dados e, em seguida, a conta foi excluída permanentemente. Além de perdermos um número relevante de seguidores, também foi perdida a memória e as atividades geradas nesta rede desde 2011.

A última ocorrência, dessa vez de maior monta, aconteceu na semana passada. Após um ataque em massa – possivelmente realizado por bots/robôs – todo o conteúdo do site foi retirado do ar, a partir de um malware que, instalado no código interno do site, interrompeu a comunicação entre conteúdo e interface. Depois de dois dias fora do ar, conseguimos restabelecer o funcionamento.

Queremos com esta Nota trazer estas informações porque nos parece que nenhum dos ataques foi aleatório. Ainda que não seja possível afirmar de onde partiram, pois foram utilizados artifícios tecnológicos automatizados e dificilmente rastreáveis, tudo indica que os ataques se devem às posições políticas da ABA, facilmente reconhecíveis em todo conteúdo divulgado e produzido pela Associação e por suas/seus associadas/os. Em tempos de guerrilhas digitais, que deixam nítidos os campos políticos opostos, não é fato de menor importância que as redes sociais e o site de uma associação antropológica estejam em evidência e sejam alvos privilegiados.

Gostaríamos também de frisar que utilizamos diferentes formas de autenticação e dispositivos de segurança e, ainda assim, os ataques ocorreram. Isso salienta o fato de que segurança digital é algo processual e que precisa ser continuamente revisto e readequado. Por este motivo, o Comitê de Comunicação e Divulgação Científica gostaria de alertar antropólogas e antropólogos para a necessidade de discutir e adotar medidas de segurança digital. Lembramos que estamos em ano eleitoral e isso certamente aumenta a necessidade de nos determos em questões de segurança, controle e privacidade, na medida em que estar online não é algo apartado da vida, mas parte cada vez mais relevante e cotidiana dela.

Brasília, 02 de junho de 2022.

Associação Brasileira de Antropologia e seu Comitê de Comunicação e Divulgação Científica

Veja a nota em PDF.

Jornal da Ciência