SBPC e CNPq: 70 anos de parceria

Editorial de publicação da SBPC celebrava criação do conselho há 70 anos

whatsapp-image-2021-07-27-at-11-08-57Com o objetivo de promover e estimular o desenvolvimento da investigação científica e tecnológica em qualquer domínio do conhecimento, o Conselho Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) foi criado há 70 anos. O nascimento da agência foi celebrado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) no editorial de sua revista “Ciência & Cultura” (vol. III, n. 1, 1951), iniciando uma longa parceria entre as entidades.

“Como tais conselhos representam as formas mais avanças de auxílio à ciência, não é sem demonstração de regozijo que recebemos a notícia da criação do CNPq”, declara o editorial da revista, que foi lançada em 1949, um ano depois da fundação da SBPC. O texto também ressalta a importância do espírito da lei que criou o CNPq, que é deixar inteira liberdade de pesquisa nas instituições apoiadas por ele.

Homenagem

O editorial acertou em cheio. Ao longo de suas sete décadas, a parceria entre o CNPq e a SBPC, apoiando as sociedades científicas e suas ações, assim como os programas e as bolsas de pesquisa, foi fundamental para o desenvolvimento da ciência no País. “A SBPC sempre teve uma relação muito forte com o CNPq desde sua criação”, relembrou Ildeu Moreira durante Sessão Especial em comemoração aos 70 anos do CNPq realizada segunda-feira (19), durante a 73ª Reunião Anual da SBPC. “A instituição é fundamental para a ciência brasileira, e a ciência brasileira tem muito a agradecer ao CNPq. Está vivendo momentos difíceis, mas estamos todos juntos porque somos todos CNPq.”

“Todas as ciências são humanas e são importantíssimas para o desenvolvimento, principalmente quando colaboram para a realização de projetos focados nos desafios que enfrenta nossa sociedade”, disse Edvaldo Vilela, presidente do CNPq, que coordenou o evento, remetendo ao tema central da reunião da SBPC para este ano. Assista à Sessão Especial no canal da SBPC no YouTube.

Além de apoiar a pesquisa e gerar institutos científicos, desde sua criação o CNPq tem desempenhado papel fundamental na formulação e condução de políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação (CT&I). O órgão também desempenha um importante papel de atrair os jovens para a ciência através da iniciação científica, do apoio às feiras e olimpíadas de ciências, e de ações de educação e divulgação científica como o projeto “Mulheres e Meninas na Ciência”.

Moreira também enfatizou o papel fundamental do CNPq para a ciência e para o Brasil, especialmente no momento atual, e a necessidade de lutar pela agência. “Um CNPq fortalecido terá um papel muito importante na recuperação do País, em meio a esta grave crise sanitária, econômica e social na qual estamos imersos. É só olhar o mundo inteiro para ver a importância da ciência e da pesquisa básica”, disse.

História

O CNPq foi fundado em 1951 pelo almirante Álvaro Alberto, na época representante brasileiro na Comissão de Energia Atômica do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Naquele momento pós-Segunda Guerra Mundial, difundia-se no mundo a ideia de que o conhecimento e a tecnologia gerados pela ciência contribuíam para promover o desenvolvimento e da soberania de um país. Assim, surgiu a necessidade do Brasil estabelecer uma estrutura central de fomento à pesquisa, com a organização da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 1948, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), em 1949, do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em 1950, e finalmente, do Conselho Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 1951.

Atualmente, o CNPq financia cerca de 80 mil bolsas de pesquisas nas mais diversas modalidades, além de pesquisas em todas áreas do conhecimento. Esse investimento assegura a presença de brasileiros em instituições estrangeiras relevantes e garante ao país soberania nacional, ao promover a presença de pesquisadores brasileiros em territórios estratégicos, como os arquipélagos e o continente Antártico.

Além disso, o CNPq possui o maior banco de currículos da América Latina – a Plataforma Lattes – e coordena trabalhos científicos de programas que têm impactos sociais, econômicos, ambientais e culturais importantes, como o PRONEX (Programa de Núcleos de Excelência), criado em 1996; o Proantar (Programa Antártico), estabelecido em 1991; o PELD (Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração), fundado em 1999; o Programa Arquipélago e Ilhas Oceânicas, criado em 2004; o Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), organizado em 2008; e o Programa Ciência sem Fronteiras, estabelecido em 2011.

Leia o editorial na íntegra neste link.

Christiane Bueno – Jornal da Ciência