SBPC lamenta morte do físico Fernando de Souza Barros

O professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e sócio da SBPC por mais de 40 anos faleceu nesta quarta-feira, aos 88 anos

A SBPC lamenta profundamente a morte do físico Fernando de Souza Barros, sócio da entidade por mais de 40 anos. O professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) faleceu nesta quarta-feira, 8 de novembro, aos 88 anos

Sua carreira confunde-se com a história da Física no Brasil. Iniciou seu treinamento profissional em 1953, quando foi convidado pelos professores Cesar Lattes e Ugo Camerini, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro, para estagiar no programa de raios cósmicos, principalmente em montagem de experiências no Laboratório de Radiação Cósmica de Chacaltaya, La Paz, Bolívia.

Em 1956 foi admitido no curso de pós-graduação do Departamento de Física da Universidade de Manchester, Reino Unido. Lá trabalhou em um dos primeiros estudos sistemáticos de reações nucleares do tipo stripping com feixes de hidrogênio-3 (trítio). Esses estudos constituíram a base para a sua tese de doutorado, defendida em 1960. Em 1961 regressou ao Brasil como professor assistente do CBPF e responsável pro-tempore pela cadeira de Física Aplicada do Departamento de Física da Faculdade Nacional de Filosofia da antiga Universidade do Brasil.

Em 1962, foi convidado pelo professor Sergio DeBenedetti para trabalhar como físico pesquisador (pós-doutorado) no Carnegie Institute of Technology. Dedicou-se então ao estudo das propriedades das interações eletro-núcleo atômico, utilizando técnicas de física nuclear, tendo participado de estudos pioneiros do efeito Mössbauer em isótopos de iodo e em determinações de volumes nucleares pela interação hiperfina.

Regressou ao Brasil em 1965, por um período de um ano. Neste período, colaborou na planificação de laboratórios de pesquisas do Instituto de Ciências Exatas da Universidade de Brasília, como professor associado, no programa de pós-graduação em engenharia (COPPE) da Universidade do Brasil e no programa de efeito Mössbauer do CBPF, como professor visitante.

Em 1966, foi contratado pelo Departamento de Física da Universidade Carnegie-Mellon, em Pittsburgh, USA, participando até 1972 do programa de pós-graduação. Neste período, participou de estudos de propriedades magnéticas e de fenômenos de relaxação em sólidos moleculares, utilizando principalmente a espectroscopia Mössbauer. Voltou ao Brasil no início da década de 1970 e organizou o curso de pós-graduação do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro, colaborando na instalação de um conjunto de laboratórios para estudos da matéria condensada, com técnicas espectroscópicas (Mössbauer, óptica, raios-X, ressonância magnética) e técnicas de baixas temperaturas. Mais recentemente, passou a dedicar-se aos estudos cristalográficos, tendo colaborado em projetos de instrumentação para análise de propriedades físicas de materiais a altas e baixas temperaturas, por difração de raios-X.

Foi presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF) de 1983 a 1985. Em 1992 foi agraciado com o prêmio Joseph A. Burton Forum Award concedido pela American Physical Society. E em agosto de 2008 foi condecorado Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, pela Presidência da República do Brasil.

Barros dedicou seus últimos a estudos e atividades de divulgação na área de aplicações pacíficas de energia nuclear e eliminação de armas nucleares.

O cientista será velado no Rio de Janeiro, no Memorial do Carmo, nesta sexta-feira, 10 de novembro, das 6h às 11h.

Jornal da Ciência, com informações da ABC