Somos Todos Carlini: assine a manifestação pública online

Em menos de 24h, a petição já alcançou mais de 5 mil assinaturas. A SBPC ressalta que a participação de todos é fundamental para que a Campanha tenha a força necessária, uma vez que este ato atinge não apenas o grande pesquisador Elisaldo Carlini, mas todos os cientistas brasileiros e ameaça a liberdade de pesquisa e de expressão no País

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) conclama todos os sócios e sociedades científicas associadas, membros da comunidade científica e acadêmica e a toda a sociedade a assinarem  a petição online “Somos Todos Carlini”, em defesa do cientista e professor emérito da Unifesp, Elisaldo Carlini, e pela liberdade de pesquisa científica no País. A petição online foi lançada ontem, 27, e já alcançou mais de 5 mil assinaturas.

A SBPC ressalta que a participação de todos é fundamental para que a Campanha tenha a força necessária, uma vez que este ato atinge não apenas o grande pesquisador Elisaldo Carlini, mas todos os cientistas brasileiros e ameaça a liberdade de pesquisa e de expressão no País.

Na última sexta-feira, a SBPC, juntamente com a Academia Brasileira de Ciências (ABC), divulgou um manifesto público repudiando com veemência o fato de o renomado pesquisador ser alvo de um inquérito policial por organizar um simpósio sobre o uso terapêutico da maconha, em maio de 2017.  Após a publicação, o documento recebeu o apoio de mais de 60 sociedades científicas de todo o Brasil, e diversos professores, pesquisadores, personalidades políticas e estudantes enviaram solicitações para também assinar a manifestação. Diante dos pedidos, a SBPC criou uma petição pública online, que será encaminhada a todas as autoridades competentes, do Estado de São Paulo e do Brasil.

O manifesto ressalta que Carlini é um cientista premiado internacionalmente, por ter desenvolvido, ainda na década de 1970, pesquisas pioneiras que caracterizaram a ação anti-convulsivante da maconha. Suas descobertas permitiram a formulação de medicamentos utilizados em diversos países para tratar, eficazmente, doenças como epilepsia e esclerose múltipla.  “Acusar o dr. Carlini de apologia às drogas equivale a criminalizar a inteligência e o conhecimento técnico-científico”, afirma o texto do manifesto.

Aos 87 anos de idade, 62 anos dedicados à pesquisa, e com mais de 12 mil citações de seus trabalhos em artigos científicos de todo o mundo, o professor foi chamado para depor na polícia de São Paulo, na última quarta-feira, 21, para prestar depoimento sob a alegação de fazer apologia ao uso de drogas. Segundo o manifesto das entidades científicas, esta ação é “uma provocação cruel e vazia contra um cientista que dedicou toda sua vida à fronteira do conhecimento”.

O manifesto é encabeçado pelos seguintes presidentes de honra da SBPC: Ennio Candotti, Francisco Mauro Salzano, Helena Bonciani Nader, Marco Antonio Raupp, Otávio Guilherme, Cardoso Alves Velho, Sergio Machado Rezende e Sérgio Mascarenhas de Oliveira.

Para assinar a petição, basta acessar este link e preencher um breve formulário, com nome e endereço de e-mail. Participe!

 

MANIFESTAÇÃO PÚBLICA

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) repudiam veementemente a intimação policial do Dr. Elisaldo Carlini para depor sobre suposta apologia às drogas. Professor emérito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), membro titular da ABC, diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), primeiro representante da SBPC no Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), condecorado pela Presidência da República e premiado internacionalmente, aos 88 anos o Dr. Carlini continua sendo o mais respeitado cientista brasileiro com atuação na área de drogas. Já nos anos 1970 ele produziu pesquisas pioneiras que caracterizaram a ação anti-convulsivante da maconha, que apenas nos últimos anos começou a ser amplamente reconhecida no Brasil. As descobertas do Dr. Carlini permitiram a formulação de remédios eficazes para tratar doenças como epilepsia e esclerose múltipla, hoje utilizados em diversos países. Acusar o Dr. Carlini de apologia às drogas equivale a criminalizar a inteligência e o conhecimento técnico-científico. Trata-se de uma provocação cruel e vazia contra um cientista que dedicou toda sua vida à fronteira do conhecimento. Nas palavras de Bertolt Brecht, “há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”. O Dr. Elisaldo Carlini é imprescindível e sua carreira é uma apologia à vida.

 

Jornal da Ciência