Um futuro para se viver da ciência

Levantamento da USP indica áreas promissoras; entre as pesquisas em andamento estão experimentos para deter derramamento de óleo em praias

Cortes de investimento, estrutura obsoleta e fuga de cérebros para outros países. Problemas como esses compõem a lista de desafios imposta a diversos segmentos da comunidade científica. No entanto, mesmo em meio à tormenta, alguns campos de produção de conhecimento navegam com uma certa estabilidade.

Um levantamento feito pelo Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo (USP) indica as áreas que tiveram o maior número de pesquisas acadêmicas com financiamentos entre 2011 e 2018. Na relação, segmentos como Genética, Farmacologia, Biologia Vegetal, Ciência dos Materiais e Astronomia concentram a maior parte dos projetos com recursos advindos das 20 principais entidades que atuam no fomento a pesquisas no País, incluindo instituições ligadas ao poder público federal – como CNPq, Capes e o BNDES –, as Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (como a paulista Fapesp) e os entes privados nacionais e internacionais que administram recursos empresariais e institucionais.

Para a professora Márcia Barbosa, diretora da Academia Brasileira de Ciências (ABC), a atratividade a financiamentos e a alta produtividade têm relação direta com a natureza das atividades. “São áreas que envolvem grandes grupos, ou seja, grande quantidade de recursos humanos em grandes laboratórios. Isso auxilia na captação de recursos nacionais e internacionais”, afirma.

Outro ponto em comum entre os segmentos listados é o fato de representarem atividades consolidadas, o que justifica a resiliência em momentos como os atuais, nos quais as verbas para os financiamentos despencam. “Anos de investimentos contínuos e dedicação profissional que lhes deram musculatura para sobreviver às tormentas. São como plantas que, regadas continuamente, florescem e sobrevivem”, compara ela.

Futuro

Estar estabelecido não significa situação confortável. “É óbvio que a tendência de redução de financiamentos pode apontar para a perda de nossas qualidades. Alunos irão embora do País, almejados justamente por causa da qualidade de nossas produções”, diz Márcia.

O futuro seguro para as ciências no Brasil requer, definitivamente, o incentivo estrutural do poder público. É o que afirma Helena Nader, presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). “Nos Estados Unidos, por exemplo, as instituições governamentais são as grandes financiadoras. Muitas vezes as pessoas têm uma ideia errônea por verem entidades que cobram taxas e mensalidades e acharem que assim as pesquisas são financiadas. É preciso se informar.”

Veja o texto na íntegra: O Estado de S. Paulo

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