Um dos destaques da 69ª Reunião da Anual da SBPC, realizada na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entre os dias 16 e 22 de julho, é que o evento marca os 90 anos de sua anfitriã. E na tarde desta segunda-feira, 17, uma sessão especial homenageou a história desta que é a segunda mais antiga universidade ainda operante do Brasil e uma das mais importantes também.
A presidente da SBPC, Helena Nader, entregou ao reitor Jaime Ramírez uma placa em homenagem ao aniversário da Universidade e suas nove décadas de trabalho dedicado à educação, à ciência, à tecnologia e à inovação. “Celebramos os 90 anos de uma universidade que é orgulho nacional. A SBPC não poderia deixar de prestar homenagem. É um orgulho e uma alegria estar aqui hoje”, disse a presidente da SBPC.
Segundo Nader, a continuidade dos projetos institucionais ao longo das diferentes gestões é um fator particular da universidade que deveria servir de modelo para o Brasil. “A história dessa universidade é única e exemplar. É o que sonhamos para o Brasil: uma política de Estado, que transcende o projeto do governo. Não é à toa que a UFMG está entre as instituições brasileiras de maior repercussão internacional”, ressaltou.
A sessão reuniu também outros quatro reitores de diversas gestões da UFMG: Tomaz Aroldo da Mota Santos (1994-1998); Francisco César de Sá Barreto (1998-2002); Ronaldo Tadeu Pena (2006-2010); e Clélio Campolina Diniz (2010-2014). Cada um deles contou um pouco da história da Universidade e compartilhou os desafios de suas gestões.
Modernidade
“Um sonho dos inconfidentes era que o estado de Minas Gerais tivesse sua própria universidade”, contou Tomaz Aroldo da Mota Santos. Segundo ele, a UFMG representava a chegada da modernidade para Belo Horizonte. “A UFMG cumpriu e ainda cumpre o que se esperava dela. Chegamos hoje a mais de 100 mil pessoas formadas aqui. Como seria Minas Gerais sem esses profissionais? Pensar na falta de todos eles nos dá a dimensão da importância que essa universidade tem para o Estado e para o País”.
Ronaldo Tadeu Pena, reitor entre 2006 e 2010, destacou que sua gestão se deu em um período de ouro das políticas de educação e CT&I no País. Segundo ele, nesse período, pela primeira vez, a Universidade conseguiu liberdade e autonomia para ampliar vagas. Um dos programas que ele destaca é o chamado Reuni, para incentivo e criação de vagas no período noturno.
O que falta hoje à Universidade, conforme observou o reitor Francisco César de Sá Barreto, é justamente a autonomia, especialmente orçamentária e financeira. “A universidade tem total condição de gerir seus próprios recursos, mas sofre com a falta de autonomia”, disse.
Planejamento contínuo
Clélio Campolina Diniz afirmou que a UFMG tem uma característica que o governo do País não tem: planejamento contínuo e permanente. “É preciso definir as agendas. Porque elas incluem e excluem. E educação e CT&I devem estar nessa agenda como o investimento básico para o desenvolvimento da sociedade”, argumentou.
Ramírez, atual reitor da UFMG, acrescentou que a história da UFMG é uma história coletiva, justamente por essa preocupação com a continuidade dos projetos institucionais. “As decisões que são tomadas aqui, são para valer”, destacou.
Daniela Klebis – Jornal da Ciência