A mesa redonda sobre arboviroses da Reunião Regional da SBPC no DF, realizada nesta quarta-feira, 25, incluiu um passeio pelo Parque Ecológico Sucupira, em Planaltina, guiado pela mestre raizeira da Comunidade Quilombola do Cedro, em Goiás, Lucely Pio. O passeio mostrou a riqueza da vegetação da região para pesquisas de novos fármacos e alertou também para a importância da preservação do Cerrado, hoje um dos biomas mais ameaçados do Planeta.
“Minha avó dizia que as plantas se revelam para nós”, conta Lucely, que desde criança seguia a avó pelo campo para estudar os potenciais terapêuticos das plantas que rodeiam a comunidade Quilombola do Cedro, em Mineiros, no sudoeste de Goiás. Hoje, ela é capaz de reconhecer quase todas as plantas do Cerrado e descrever seus benefícios para a saúde do corpo humano. Lucely conta que aprendeu com a avó que as plantas possuem a forma da parte do corpo que curam. E, assim, foram descobertos medicamentos para o coração, para o rim, para dor de cabeça, da coluna, etc.
O laboratório criado em 1997 na comunidade já possui 450 plantas medicinais catalogadas e mais de 90 fórmulas medicinais. Esses fitoterápicos são vendidos na comunidade e, em parceria com a Pastoral da Criança e o município de Mineiros, são distribuídos as famílias da cidade.
Cerca de 30 pessoas seguiram Lucely no passeio pelo Parque. Impressionados com seus conhecimentos sobre cada árvore, cada arbusto pelo caminho. Da semente do pequi, contou, se extrai uma pomada para queimadura e um óleo para tratar bronquite asmática. Já o jatobá, é bom para anemia. “Uma coisa importante é obedecer o ciclo das plantas. É preciso respeitar o horário de coleta e a lua, para extrair o melhor delas”, ensinou.
A mestre raizeira conta que passeios semelhantes são realizados em sua comunidade, com oficinas sobre plantas medicinais para crianças da cidade e de todo o País. Uma forma de ensinar às próximas gerações a valorizar o Cerrado e o conhecimento tradicional produzido no Brasil.
Daniela Klebis – Jornal da Ciência