Os Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids), centros de excelência apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), estão configurados para a ação fundada nos três pilares destacados em sua denominação: pesquisa, inovação e educação e difusão do conhecimento. Visando qualificar a atividade de difusão, especialmente por meio da troca de experiências e boas práticas e da busca conjunta de soluções para problemas comuns, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) realizou, de 17 a 19 de abril, o I Seminário de Difusão e Divulgação Científica em Cepids, do qual participaram 15 dos 17 Cepids existentes no momento. A organização do evento foi do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF), um desses Cepids, e do Laboratório Aberto de Interatividade para a Disseminação do Conhecimento Científico e Tecnológico (LAbI) da UFSCar.
Na noite de terça-feira (17/4), a abertura do evento foi marcada por conferência de Ildeu de Castro Moreira, Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e uma das principais referências na área da divulgação científica e da comunicação pública da Ciência no País. Em sua apresentação, Moreira elencou e comentou seis grandes desafios para a Ciência brasileira, especialmente no cenário de crise atual: educação de qualidade; disponibilidade de recursos para C&T; a inovação tecnológica e social; desburocratização e novos marcos legais; a existência de um projeto para a Nação e de programas nacionais mobilizadores; e, por fim, a comunicação pública. A fala sobre comunicação pública partiu de pesquisa divulgada recentemente, realizada pelo Instituto 3M em 14 países, incluindo o Brasil, que mostra grande interesse mas pouco conhecimento das pessoas sobre Ciência e Tecnologia e, particularmente, sobre seus impactos no cotidiano. O Presidente da SBPC lembrou como este resultado é semelhante aos obtidos em pesquisas anteriores de percepção pública da Ciência e, neste sentido, destacou a importância de ampliar a circulação de informação científica de qualidade nos meios de comunicação e, mais uma vez, da educação de qualidade, além de ressaltar especificamente a necessidade de ampliar o conhecimento sobre a história da Ciência no Brasil.
Em outro momento do evento, jornalistas e outros profissionais com grande experiência na área de divulgação científica conversaram com o público presente sobre os objetivos e as rotinas de produção em diferentes contextos: o jornalismo diário, representado por Reinaldo José Lopes, colaborador da Folha de S. Paulo; uma revista voltada principalmente para o público jovem, com apresentação de Nathan Fernandes, Editor da Galileu; uma publicação experimental, com o relato de Marina Gomes, Editora da revista eletrônica ComCiência, do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); e, por fim, a revista Pesquisa, da Fapesp, cuja Diretora de Redação, Alexandra Ozório de Almeida, também participou do evento. O debate estabeleceu diferenças entre as atividades de divulgação e o jornalismo científico, mas também permitiu a reflexão sobre objetivos comuns e possibilidades de colaboração.
Durante o Simpósio, todos os Cepids puderam apresentar as atividades de difusão realizadas nos últimos anos, o que permitiu a avaliação de que houve grande desenvolvimento em todos os Centros, bem o delineamento de um quadro de grande diversidade no que diz respeito aos tipos de atividades concretizadas, que vão desde a formação de professores e a interação com as escolas em diferentes níveis de ensino, até a produção de materiais específicos e a busca de visibilidade nas redes sociais. Esse mapeamento, por sua vez, levou à avaliação de que já existe uma maturidade dessas práticas no âmbito dos Cepids, abrindo a possibilidade de aprofundamento em reflexões específicas e, também, de fortalecimento de projetos em colaboração. Nos próximos dias, os vídeos com todos os debates deverão estar disponíveis no site do Simpósio, e um livro deve ser lançado até o final do ano.