Grandes Projetos de Colaboração Internacional da Ciência Brasileira

Nos dias 12 e 13 de setembro a ABC e SBPC promovem encontro para dar visibilidade e transparência a iniciativas em todas as áreas que requerem cooperação científica com outros países

Organizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Academia Brasileira de Ciências (ABC), o evento Grandes Projetos de Colaboração Internacional da Ciência Brasileira está sendo realizado na sede da ABC, no Rio de Janeiro, nos dias 12 e 13 de setembro.

A mesa da sessão de abertura, no dia 12, foi composta pelo presidente da ABC, Luiz Davidovich; o presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira; o coordenador-geral de Oceanos, Antártica e Geociências do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Andrei Polejack; e o diretor de área do Conselho Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Marcelo Morales.

Davidovich destacou que a ideia foi criar uma oportunidade de mapear e atualizar informações sobre os grandes projetos vigentes atualmente envolvendo cientistas brasileiros e estrangeiros. Ele esclareceu que “o mais importante aqui é identificar as dificuldades que estão sendo encontradas para que possamos encaminhar as demandas às autoridades”.

Já Ildeu Moreira pontuou que tanto a ABC como a SBPC têm assento no Conselho de Ciência e Tecnologia (CCT) do Governo Federal e que as informações levantadas devem ser levadas para aquele espaço de discussão. Ele ressaltou que existem muitos projetos que envolvem outros países, até porque aos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia do MCTIC é exigida a cooperação internacional. “Sabemos que muitos ficaram de fora, mas podemos organizar outro evento como esse”, observou.

Representando o CNPq, Marcelo Morales relembrou o mais recente grande projeto de cooperação internacional que foi o Ciência sem Fronteiras. Mas, em sua visão, o Brasil não se preparou para receber de volta os estudantes que foram estudar em outros países. “Faltou planejamento para a continuidade, para absorver estes estudantes bem treinados e aproveitá-los para o desenvolvimento do País”, lamentou. Comentou, ainda, que o país teve internacionalização nos últimos 20 anos, tanto que chegou a 13º lugar no ranking mundial de publicações científicas. Porém, enquanto as grandes potências dobraram suas atividades de cooperação e outros países em desenvolvimento a aumentaram em 80%, o Brasil continua no mesmo patamar de 1996. “A importância da cooperação aparece quando percebemos que as publicações das instituições que investiram nessa área, como a UFABC [Universidade Federal do ABC] e o CBPF [Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas] têm índice de impacto acima da média, enquanto as outras não”, informou. Mas deixou bem claro que a situação do financiamento está inviabilizando novas ações. “Como investir em internacionalização se 90% do que recebemos só pagam as bolsas já concedidas?”

O representante do MCTIC Andrei Polejack ressaltou o alto nível dos cientistas brasileiros, requisitados para projetos internacionais mesmo quando o Brasil não pode pagar a parte que lhe caberia. Destacou os projetos com os BRICS, cujo foco é em otimizar o uso de infraestrutura em projetos de grande impacto para a ciência global.

Polejack fez questão de destacar que o MCTIC trabalha os mecanismos para que a pesquisa aconteça. E para isso é importante a formalização dos acordos de cooperação científica via Itamaraty. “Isto amarra os governos, garantindo longevidade ao projeto”.

Finalizando, Davidovich retrucou, observando que a colaboração entre governos é muito técnica, mas falta ciência. “É isto que a parceria entre Academias garante”.

Saiba mais sobre os projetos nas matérias que serão publicadas nos próximos dias. .

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