José Reis, ícone da divulgação científica e um dos fundadores da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ganha biografia. A obra intitulada “José Reis: caixeiro-viajante da ciência” será lançada no dia 22 de novembro, às 15h30, no Centro de Documentação e História da Saúde (CDHS), no 4º andar, na sala de Conferências e Terraço da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na avenida Brasil, 4365, Manguinhos, Rio de Janeiro/RJ.
A sessão de lançamento é aberta a todos e contará com a participação dos organizadores. Exemplares do livro serão distribuídos gratuitamente aos participantes.
Organizado pela jornalista e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida, da Fiocruz, Luisa Massarani, a historiadora Mariana Burlamaqui e a jornalista Juliana Passos, o livro traz a história desse grande cientista desde o seu nascimento. Com uma leitura leve, a obra traz ainda anotações do próprio Reis, além de fotos e documentos.
Segundo Massarani, o livro foi feito com base no acervo – composto por cerca de 9500 itens, doado pela família de Reis à Universidade de São Paulo (USP) e posteriormente transferido para a Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz. “Fizemos primeiro o livro “José Reis: Reflexões sobre a divulgação científica”, que conta com textos escritos pelo próprio Reis. Depois resolvemos fazer a biografia com base no acervo, como por exemplo, entrevistas e as próprias anotações de Reis. Além de resgatar informações sobre o jornalista e cientista, o acervo resgata também a história da ciência brasileira e da divulgação científica nacional”, afirma.
De acordo com Massarani, o próprio Reis se considerava “caixeiro viajante da ciência” e por isso, resolveram batizar o nome do livro dessa forma. O livro conta que Reis viajava pelo interior do Brasil estudando as doenças das aves. Reis acreditava que o cientista tinha um papel social de divulgação de seu trabalho para a sociedade e, por isso, ele visitou diversos lugares para conversar com criadores de aves e treiná-los sobre melhores práticas de manejo com os animais, sem deixar de apresentar seus experimentos de sua pesquisa sobre doenças de aves.
Seu afinco na missão em divulgar ciência fez com que ele conseguisse se tornar conhecido na área da divulgação científica. Segundo o livro, entre as experiências que Reis buscou apoiar e difundir estão as feiras de ciências, os clubes de ciências e os cursos de jornalismo científico. Reis acreditava que as feiras e clubes de ciência seriam motivadores junto à infância e à juventude nessas áreas, pois os jovens e se aproximariam e tomariam gosto pelas ciências, o que representaria um aumento de cientistas no futuro.
Segundo o livro, José Reis também tentou atingir o público infantil com os livros de fábulas adaptadas com viés científico, como “As galinhas do Juca”, sobre noções de avicultura e suas doenças, “O menino dourado” com conceitos básicos de microbiologia e, para o público infanto-juvenil, o cientista escreveu “Aventuras no mundo da ciência”, novela que se desenrola num instituto científico e constitui passeio pela história natural. Reis também teve participações em programas de rádios, indo uma vez por semana no programa “A marcha da ciência” pela Rádio Excelsior de São Paulo.
O cientista foi um dos fundadores da SBPC, em 1948, e seu primeiro secretário-geral. Foi ainda criador da revista Ciência e Cultura, em 1949. Teve também uma longa atuação de 55 anos no Grupo Folha – de 1947 (ainda na Folha da Manhã), até 2002, ano de sua morte, na Folha de S. Paulo. Em reconhecimento à importância de seu trabalho, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) criou em 1978 um prêmio nacional que leva o seu nome, o Prêmio José Reis de Divulgação Científica, concedido a pessoas e instituições que contribuem significativamente para a divulgação científica no Brasil.
O livro também pode ser acessado online. Veja aqui o PDF do livro.
Vivian Costa – Jornal da Ciência