Vice-presidente da SBPC é nomeada para a Academia de Ciências da América Latina

Vanderlan da Silva Bolzani se junta aos outros 222 membros da academia que tem sede em Caracas

Vanderlan da Silva Bolzani foi aceita como membro titular a Academia de Ciências da América Latina (Acal), por seu trabalho e contribuição para a ciência.  Vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Bolzani é professora titular do Instituto de Química da Unesp em Araraquara e membro do Conselho Superior da Fapesp. Atua há quatro décadas na área de Química de Produtos Naturais – busca de substâncias bioativas; peptídeos de plantas, biossíntese de alcaloides piperidínicos e química medicinal de produtos naturais.

“Esse ano de 2019 tem sido de surpresas muito boas. Fico muito feliz por saber que fui indicada pelo professor Sergio Mascarenhas, grande cientista e nosso mestre dos mestres para a Acal. Fico feliz, por ver o reconhecimento da pesquisa que abracei ainda quando fazia mestrado e que me levou à paixão pelo que faço, e que acredito ser a minha contribuição para a ciência, reconhecida além de nossas fronteiras”, declarou Bolzani.

Ela também chamou a atenção para a importância de cientistas brasileiros serem reconhecidos fora do País, especialmente em um momento em que no Brasil  a ciência enfrenta uma crise séria. “Acredito que as premiações e reconhecimentos internacionais impulsionam ainda mais nós, pesquisadores brasileiros, a trabalhar e contribuir com o nosso País, especialmente neste momento em que nossas universidades e os trabalhos que realizamos são pouco reconhecidos aqui. O reconhecimento desta Academia latino-americana me enche de energia e me recompensa. Nossos países têm muitas similaridades e acredito que, como acadêmica da Acal, poderei contribuir mais com os colegas desta região, somando forças na luta pela excelência e por um ambiente de CT&I robusto, essencial a qualquer nação que almeja soberania internacional e desenvolvimento.  Temos muito que colaborar na área da educação, da ciência, tecnologia e inovação”, afirma.

Sediada em Caracas, na Venezuela, a Acal foi fundada em 1982 para homenagear a memória de Simón Bolívar por um grupo de pesquisadores científicos da América Latina. A instituição tem como objetivo promover o desenvolvimento da matemática, física, química, ciências da vida e da terra, visando aplicações em benefício e desenvolvimento da integração humana, cultural e social da América Latina e do Caribe. Mais informações sobre a Acal em http://acal-scientia.org.

Atualmente, a Acal conta com 222 membros da Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Chile, Equador, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Peru, Uruguai e Venezuela. A Academia também possui membros correspondentes da Alemanha, Estados Unidos e França.

Biografia

Bolzani dedica-se há mais de 40 anos ao desenvolvimento de pesquisas em química de produtos naturais e química medicinal de produtos naturais. Formada em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em 1973 e doutora (1982) em química orgânica pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), a cientista tem uma extensa experiência em parcerias científicas internacionais: da Universidade Estadual da Virgínia (EUA), à Universidade de Queensland, Universidade de Manchester e a Université Pierre et Marie Curie, Paris VI, na França, onde foi professora visitante em 2011 e 2012. Entre 2008 e 2010 presidiu a Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e tornou-se a primeira mulher a exercer a presidência desta Sociedade. Desde 2015 é vice-presidente da SBPC, reeleita em 2017 por mais um mandato. Fellow da Royal Society of Chemistry desde 2009, tornou-se membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo em 2011.

Também recebeu as mais prestigiosas premiações na sua área: em 2011, foi outorgada com a Medalha Simão Mathias e com o prêmio Distinguished Woman in Science, da IUPAC/ACS. Em 2013 recebeu o prêmio Elsevier Capes 2013 e foi eleita para a World Academy of Science for Developing Countries, TWAS. Recebeu em 2015 o Prêmio Kurt Politzer de Inovação Tecnológica, categoria pesquisador, da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).

Em 2017, foi agraciada com o prêmio “Professor Otto Gottlieb”, que reconhece pesquisadores brasileiros que se destacam pelas pesquisas realizadas na área de química de produtos naturais, com resultados que tenham impactado positivamente o desenvolvimento da área no Brasil e no exterior. Em março deste ano, a Sociedade Brasileira de Química (SBQ) criou seu primeiro prêmio dedicado a reconhecer o trabalho de mulheres que se destacam na química e/ou no fortalecimento da SBQ, e homenageou a cientista dando seu nome para a premiação. O Prêmio “Vanderlan da Silva Bolzani” será conferido pela primeira vez na 42ª Reunião Anual (de 27 a 30 de maio, em Joinville), e foi instituído pelo recém-criado Núcleo Mulheres SBQ.

Vivian Costa – Jornal da Ciência