Aldo Rebelo ocupou a pasta da Ciência e Tecnologia no período entre 01/01/2015 a 02/10/2015, governo Dilma Rousseff. Ele é um dos ex-ministros consultados pelo Jornal da Ciência sobre o cenário atual do setor e estratégias de atuação.
Cada um deles respondeu, por telefone ou e-mail, a três questões: Como vê a Ciência e a Tecnologia no Brasil hoje? Que estratégia sugere para a comunidade científica para atuar nesse cenário? e Que estratégia sugere para o desenvolvimento futuro?
Os oito depoimentos estão publicados na nova edição impressa do Jornal da Ciência que circula essa semana. Até sexta-feira (19/7) o JC Online vai publicar no site os depoimentos completos, dois por dia. Leia a seguir a entrevista de Aldo Rebelo:
JC – Como o senhor vê a Ciência e Tecnologia no Brasil hoje?
Aldo Rebelo – O panorama da Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil é, lamentavelmente, desalentador. O País dispõe de uma rede razoavelmente sofisticada de ciência e pesquisa, formada pelos Institutos Federais e alguns estaduais, principalmente em São Paulo, e pelas Universidades Federais e Estaduais. Acontece que essa rede não dispõe da infraestrutura ideal (equipamentos e instalações), e pouco tem renovado o quadro de pesquisadores e servidores, mesmo com o importante apoio da Finep no enfrentamento da primeira questão. O desafio mais imediato é a recuperação do orçamento do Ministério. A médio prazo temos que elevar o orçamento do setor para pelo menos dois por cento do PIB, único caminho capaz de recuperar nosso atraso.
JC – Que estratégia sugere para a comunidade científica para atuar nesse cenário de restrições orçamentárias?
AR – O líder natural desta batalha é o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, ou pelo menos deveria ser, em união com as entidades da comunidade científica, capitaneadas pela SBPC e ABC. O ministro e a comunidade científica devem desenvolver uma ampla e intensa atividade junto ao Congresso e às raras editorias de Ciência mantidas na imprensa nacional.
JC – Que estratégia sugere para o desenvolvimento futuro?
AR – Ciência, Pesquisa e Inovação são atividades que se justificam no esforço do Estado e da sociedade em busca do desenvolvimento e da redução das desigualdades e desequilíbrios sociais e regionais. Assim, por exemplo, não há como o País se reindustrializar e gerar empregos de alta tecnologia sem a redução do déficit científico, tecnológico e de Inovação. Geralmente, a fronteira do conhecimento e da tecnologia é também a fronteira da indústria e dos serviços. O Brasil pode e deve mobilizar suas instituições de Ciência e Pesquisa e seus cientistas e pesquisadores para superar os desafios ao seu pleno desenvolvimento. A liderança do processo cabe ao Estado, com apoio do setor privado e da comunidade.
Leia amanhã os depoimentos de Celso Pansera e Giberto Kassab
Os depoimentos dos ex-ministros estão reunidos neste link.
Janes Rocha – Jornal da Ciência