Com mais de 40 anos dedicados à Física, às salas de aula e à pesquisa, o italiano Ennio Candotti naturalizou-se brasileiro em 1992 e na última semana recebeu o título de cidadão amazonense. Entre os feitos pelo Amazonas, está a criação do Museu da Amazônia (Musa) em um espaço da Reserva Florestal Adolpho Ducke que comporta diversas espécies da fauna e flora amazônica e recebe mensalmente cerca de 8 mil visitantes. Na entrevista que você confere a seguir, o professor fala sobre aproximar a ciência das pessoas e, com isso, preservar o meio ambiente. Ele fala ainda sobre a atual situação científica e tecnológica do Brasil, e como nossas ações impactam na nossa vida e das futuras gerações.
Como foi o nascimento do Musa?
Como presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), conheci muitas profissionais de outras áreas, de botânica, biologia, geologia, matemática, química e isso abriu as portas para um mundo multidisciplinar, e os museus em geral são multidisciplinares e foi isso que me trouxe a aceitar o desafio de construir o Museu da Amazônia. Ele nasceu da seguinte pergunta: No mundo todo se constroem espaços amazônicos, por que não criamos um Jardim Botânico em volta do que já temos? Essa ideia foi achada interessante pela professora Marilene Corrêa, da UEA, que me convidou para montar este museu na floresta. Conseguimos a cessão de uma faixa da Reserva Ducke para a instalação e as coleções que, em geral, estão nas vitrines nos museus tradicionais, aqui estão onde nasceram, crescem e vivem, junto com os insetos, plantas, fungos, pássaros.
Há também uma dedicação especial à cultura dos povos tradicionais?
Temos uma atenção às culturas tradicionais humanas que já viveram e sobreviveram, criaram seus modos de vida na floresta. Temos uma exposição dedicada à origem da humanidade, à prática de pesca, peixe-gente, uma vez que na mitologia tucano e tuiuca, os peixes e as gentes têm origem comum, e uma outra sobre a cultura tradicional da mandioca, que foi realizada junto com lideranças indígenas de Santa Izabel do Rio Negro. Estão aí há quatro anos e não dão sinais de esgotamento, tem sempre alguma coisa a acrescentar, a ajustar. Elas têm um acervo interessante. Pensamos em agregar outras exposições, mas não substituir essa. Estamos montando uma sobre a paleontologia, a vida há 100 milhões de anos na Amazônia. Os jacarés gigantes, as preguiças gigantes e a história geológica da Amazônia, onde mostraremos a vida geológica e paleontológica da floresta, além da própria floresta. A previsão é para janeiro.
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