Ao publicar a Portaria 34 no dia 18 de março, em meio à eclosão do novo coronavírus no País e sem qualquer aviso prévio às instituições de ensino superior, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) deixou a comunidade acadêmica perplexa, a ponto de as mais importantes sociedades científicas brasileiras terem lançado contundentes notas de protesto.
Sob a justificativa de ampliar os limites de variação no número de bolsas que cada programa de pós-graduação poderá receber a partir de agora, a Portaria 34 mudou parte das regras que a própria Capes havia anunciado há um mês. Ao todo, o sistema brasileiro de pós-graduação, que é disciplinado e avaliado por esse órgão, engloba 4,5 mil programas. Entre os critérios para a definição das bolsas a que cada um deles tem direito, destacam-se o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município onde o curso é oferecido, o número médio de alunos titulados e os conceitos de avaliação de desempenho.
Em fevereiro, a Capes já havia baixado três portarias, estabelecendo que nenhum curso poderia sofrer uma perda superior a 10% ou receber um aumento superior a 30% com relação ao número de bolsas recebidas anteriormente. Pela portaria que foi divulgada no último dia 18, a redução de bolsas agora pode chegar a 50% e o aumento a 70%, dependendo da nota de avaliação do curso. Além disso, do modo como foi redigida, a nova portaria dá a entender que cursos de excelência avaliados com o conceito máximo de qualidade da Capes poderão perder um número expressivo de bolsas. A mudança foi tão abrupta e as novas regras são tão polêmicas que, assim que a Portaria 34 foi divulgada, os 49 coordenadores de áreas acadêmicas do órgão assinaram um documento reivindicando sua imediata revogação, deixando claro que não foram consultados e exigindo transparência no processo de distribuição de bolsas.
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