A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) enviou hoje, 29 de abril, uma carta ao ministro Nelson Teich cobrando um plano de ação do Ministério de Saúde de combate a pandemia provocada pela covid-19.
No documento, a SBPC afirma que o plano “deve ser baseado em dados levantados pela ciência e espelhado em atitudes que foram executadas com sucesso por governos de outros países na contenção da infecção, poupando uma quantidade enorme de vidas”.
A carta ressalta a importância do alinhamento com as diretrizes estipuladas pela Organização Mundial da Saúde, que preconizam o isolamento dos casos e o distanciamento social como as principais ações para conter o aumento do número de vítimas e não sobrecarregar o sistema de saúde. “É fundamental que a população se sinta amparada e possa ouvir uma voz uníssona que reforce essas diretrizes, assumindo uma conduta única, em consonância com o que os cientistas de todo mundo pregam.”
Subscrito por mais de 60 entidades científicas, o documento também solicita esclarecimento sobre outras ações para o enfrentamento da pandemia, por exemplo, como os dados sobre fornecimento de respiradores às Unidades de Saúde, e que providências estão sendo tomadas para que haja o aumento expressivo no número de pessoas testadas.
Veja abaixo o texto na íntegra:
Senhor Ministro,
Observamos nos últimos dias um crescente número de mortos e um colapso no sistema de saúde de muitas localidades brasileiras, ocasionados pela SARS-Cov-2. Desde o dia 17 de abril do corrente, quando ocorreu sua posse no Ministério da Saúde, nós, cientistas, esperamos visualizar o delineamento de um plano de ação para um combate direto e eficaz da pandemia provocada pelo COVID-19. Esse plano deve conter ações emergenciais a serem implementadas o mais rapidamente possível e divulgadas, de forma a garantir a transparência das ações do ministério no atual momento sanitário pelo que passa o país.
As diretrizes estipuladas pela Organização Mundial da Saúde, que preconizam o isolamento dos casos e o distanciamento social, são as principais ações para conter o aumento do número de vítimas e não sobrecarregar o sistema de saúde. Portanto, é fundamental que a população se sinta amparada e possa ouvir uma voz uníssona que reforce essas diretrizes, assumindo uma conduta única, em consonância com o que os cientistas de todo mundo pregam. Ainda não atingimos o pico da epidemia e o número de vítimas fatais continua em ascensão vertiginosa. Se nada for feito nos próximos dias, os pronunciamentos do MS se resumirão a informar o número de mortos.
Outras ações para o enfrentamento da pandemia são prementes e não temos clareza de como estão sendo executadas. Assim, indagamos:
– Quantas Unidades de Saúde já foram, estão sendo, ou serão contempladas com o fornecimento de respiradores que permitam salvar a vida dos doentes mais graves de SARS-Cov-2?
– Que providências estão sendo tomadas para que haja o aumento expressivo no número de pessoas testadas para que possamos estimar o cenário epidemiológico com mais clareza e precisão?
– O compromisso assumido de fornecimento de equipamentos de proteção aos profissionais da saúde que estão na frente do combate à COVID-19, arriscando suas vidas, está sendo cumprido com a urgência necessária?
– Há um plano para o uso dos leitos hospitalares de modo integrado? Diversos países fizeram a integração das redes hospitalares públicas e privadas por decisões dos governantes, com ótimos resultados na distribuição e atendimento dos doentes mais graves.
Dessa forma, é mister que seja divulgado, e implementado com rapidez, um plano de ação para a solução dessas questões fundamentais e urgentes. Esse plano deve ser baseado em dados levantados pela ciência e espelhado em atitudes que foram executadas com sucesso por governos de outros países na contenção da infecção, poupando uma quantidade enorme de vidas. A principal preocupação no momento tem que ser o respeito à vida!
Atenciosamente,
ILDEU DE CASTRO MOREIRA
Presidente da SBPC
Subscrevem a carta as seguintes entidades:
Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS)
Associação Brasileira de Antropologia (ABA)
Associação Brasileira de Bioinformática e Biologia Computacional (AB3C)
Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência (ABCMC)
Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação (ABECO)
Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas (ABCF)
Associação Brasileira de Cristalografia (ABCr)
Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED)
Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM)
Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn)
Associação Brasileira de Engenharia de Produção (ABEPRO)
Associação Brasileira de Ensino Odontológico (ABENO)
Associação Brasileira de Etnomusicologia (ABET)
Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN)
Associação Brasileira de Mutagênese e Genômica Ambiental (MutaGen-Brasil)
Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor)
Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE)
Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO)
Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB)
Associação Nacional de Ensino e Pesquisa do Campo de Públicas (ANEPCP)
Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil)
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo (ANPARQ)
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo (ANPTUR)
Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED)
Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (ANPUR)
Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais (ANPOCS)
Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia (ANPOF)
Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Direito (CONPEDI)
Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas da Comunicação (SOCICOM)
Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FeSBE)
Sociedade Astronômica Brasileira (SAB)
Sociedade Brasileira de Biofísica (SBBf)
Sociedade Brasileira de Biologia Celular (SBBC)
Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq)
Sociedade Brasileira de Catálise (SBCat)
Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos (SBCTA)
Sociedade Brasileira de Ecotoxicologia (Ecotox Brasil)
Sociedade Brasileira de Eletromagnetismo (SBMAG)
Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC)
Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE)
Sociedade Brasileira de Farmacognosia (SBFgnosia)
Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental (SBFTE)
Sociedade Brasileira de Fisiologia (SBFisio)
Sociedade Brasileira de Genética (SBG)
Sociedade Brasileira de Geologia (SBGeo)
Sociedade Brasileira de História da Ciência (SBHC)
sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE)
Sociedade Brasileira de Ictiologia (SBI)
Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI)
Sociedade Brasileira de Matemática (SBM)
Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC)
Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT)
Sociedade Brasileira de Melhoramento de Plantas (SBMP)
Sociedade Brasileira de Microbiologia (SBMicro)
Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC)
Sociedade Brasileira de Ornitologia (SBO)
Sociedade Brasileira de Parasitologia (SBP)
Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMAT)
Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica (SBPqO)
Sociedade Brasileira de Pesquisa Operacional (SOBRAPO)
Sociedade Brasileira de Protozoologia (SBPz)
Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP)
Sociedade Brasileira de Química (SBQ)
Sociedade Brasileira de Toxinologia (SBTx)
Sociedade Brasileira de Virologia (SBV)
Sociedade Brasileira de Zoologia (SBZ)
Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB)
União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura – capítulo Brasil Ulepicc-Brasil)
Veja o PDF da carta.
Jornal da Ciência