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Ciência e cultura, o que elas têm em comum?

A pergunta foi tema da mesa-redonda “Divulgação da Ciência e da Cultura”, realizada na 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que termina hoje (27), em São Luís.

A
pergunta foi tema da mesa-redonda “Divulgação da Ciência e da Cultura”,
realizada na 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC), que termina hoje (27), em São Luís.

Para Ildeu de Castro Moreira, diretor de
Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia do Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e conselheiro da SBPC, o debate
sobre a relação da ciência com a arte é muito importante porque são
duas facetas fundamentais da cultura humana. “Ciência, arte e cultura
têm em comum a criatividade inerente ao ser humano”, definiu. Ele
explica que arte e ciência são atividades humanas e sociais baseadas na
criatividade e curiosidade.


Físico e divulgador científico, Ildeu falou
sobre o “imaginário científico presente na mente de artistas”, e
explicou que a ciência também tem preocupação estética e guarda
semelhanças com a arte. Para ele, há beleza nas teorias científicas.
“Equações matemáticas e fórmulas físicas são lindas. Podem parecer
chatas em sala de aula, mas contando com a ajuda do olhar de um artista
é possível mostrar essa beleza. É preciso aprender a olhar a beleza da
ciência, assim como temos que aprender a olhar muita coisa na arte
contemporânea”, exemplifica.

Para Ildeu, as conexões entre ciência e arte
são importantes para fazer a divulgação científica chegar mais
facilmente ao público. Em sua exposição, ele mostrou manifestações
artísticas que falam de ciência, dando exemplos de poesias, músicas,
enredos de escolas de samba, ditos populares e cordel.

Público infantil – Em sua
apresentação na mesa-redonda, Luisa Medeiros Massarani, jornalista e
chefe do Museu da Vida da Fiocruz, no Rio de Janeiro, falou sobre
iniciativas de divulgação científicas voltadas para o público infantil.
“A experiência tem demonstrado uma grande receptividade das crianças,
maior do que a de adultos e adolescentes. Principalmente devido à
curiosidade da criança, que são consideradas como ‘cientistas
naturais’”, explica.

Luisa falou sobre o crescimento de museus de
ciências no País, que atualmente são cerca de 200, embora ainda estejam
concentrados em algumas regiões. “Os museus têm apelo incrível para as
crianças e são importantes também para o divulgador que vê na hora a
reação da criança”, revela. Apesar de os museus terem grande parte do
público formado por crianças, Luisa afirma que é preciso pensar em
espaços específicos para elas, desde a redução do tamanho dos móveis até
atividades interativas adequadas.

Ela defende que a criança deve ser encarada
como ator social importante no processo de divulgação científica.
“Falar de divulgação científica para criança não é falar de ciência
unilateralmente, é preciso que a criança seja ator importante e
protagonista do processo”, explica ao dizer que a experiência de uma
feira de ciência, ou a visita a um museu fica na memória da criança e
pode influenciar sua formação, além de provocar e despertar o interesse
pela ciência.

A chefe do Museu da Vida citou exposições,
livros e publicações voltadas para o público infantil. E destacou a
importância de fazer avaliações junto às crianças depois dessas
experiências, para saber qual caminho seguir. 

Ildeu aproveitou para sugerir que artistas
participem mais ativamente das reuniões da SBPC, não somente como um
evento paralelo, como a SBPC Cultural, mas como integrantes de mesas e
debates com os cientistas. A ideia é aproveitar o público da Reunião,
que alcança 15, 20 mil pessoas para falar dessa relação.

(Jornal da Ciência)