“Não teríamos computadores portáteis, com a capacidade de memória que temos hoje, se não fosse a spintrônica”

A declaração foi dada pelo físico, professor da UFPE e ex-ministro da CT&I, Sergio Machado Rezende, em sua conferência no primeiro dia do ciclo de setembro da 72ª Reunião Anual da SBPC. A sessão foi apresentada pelo presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira

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A primeira conferência do ciclo de setembro da 72ª Reunião Anual da SBPC foi feita pelo físico Sergio Machado Rezende, ex-ministro de Ciência e Tecnologia, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e presidente de honra da SBPC, que deu uma aula sobre o que é a spintrônica. A atividade foi apresentada pelo presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira.

A spintrônia é uma área da microeletrônica fundamentada na perspectiva de propagação de informações por meio do spin, o movimento de um elétron ao redor de si mesmo. Durante sua explanação, Rezende contou um pouco sobre os desenvolvimentos científicos que levaram até esta tecnologia – da Eletrônica à Física Quântica, passando pelo magnetismo, materiais magnéticos, até explicar a interação de spins de materiais condutores. Também falou sobre como funciona e de que modo a tecnologia é aplicada em equipamentos.

Dentre os pesquisadores que contribuíram para o desenvolvimento da área está Jack Kilby, que em 1958 desenvolveu o primeiro circuito integrado, em que todos os componentes constituíam uma só peça de material semicondutor de tamanho microscópico e que levou à criação dos microprocessadores, que hoje fazem parte de todos os aparelhos digitais, como rádio, televisão, gravadores, computadores, telefones, tablets, aparelhos eletrodomésticos, veículos, aeronaves, equipamentos médicos e industriais.

A spintrônica, conforme explicou, começou com o trabalho sobre nanotecnologia de Albert Fert e Peter Gruenberg, que rendeu o Nobel de Física em 2007 para ambos. A descoberta possibilitou o desenvolvimento de equipamentos menores e com maior capacidade de armazenamento, como por exemplo, as cabeças de leitura de discos rígidos.

Segundo o físico, a spintrônica tem algumas aplicações tecnológicas muito difundidas e que têm potencial de aplicações muito grande. Conforme contou, atualmente a tecnologia já é usada na gravação magnética e na memória RAM. “Nós não teríamos computadores portáteis, com a capacidade de memória que temos hoje, se não fosse a spintrônica”, destacou.

Todos os computadores atuais usam na cabeça de leitura um sensor de spintrônica, que utiliza um fenômeno chamado magneto-resistência gigante (GMR), ressalta. “Foi ela (a spintrônica) que possibilitou que nós passássemos a ter nos computadores um disco de gravação de altíssima capacidade e, também, memórias magnéticas aleatórias, que são usadas para gravar informações a serem usadas rapidamente.”

Rezende ressaltou que a spintrônica está abrindo novas fronteiras, com a descoberta de fenômenos inusitados envolvendo correntes de carga, spin e calor, oferecendo boas oportunidades para pesquisa básica e para aplicações integradas com a Eletrônica. “Como temos fenômenos novos, temos novas funcionalidades. E a spintrônica já nos permite ter dispositivos que não conseguimos fazer com a eletrônica tradicional”, concluiu.

Após a conferência, Sergio Rezende respondeu a várias perguntas colocadas por pessoas que assistiram à sua apresentação pelo canal da SBPC no YouTube. As perguntas que não foram respondidas até o final da sessão serão enviadas ao físico e depois publicadas na descrição do vídeo da apresentação, disponível no canal da SBPC. Assista aqui à apresentação na íntegra.

Vivian Costa – Jornal da Ciência