O segundo ciclo da 72ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) começou nesta segunda-feira (5/10) com a apresentação dos projetos dos vencedores do “Prêmio Péter Murányi 2020 Alimentação”.
A primeira colocada foi a nutricionista Vanessa Bueno Moreira Javera Castanheira Néia, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), com um trabalho na produção de leite materno em pó; em segundo lugar ficou Carolina C. C. da C. Silva Grehs, nutricionista pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), com um aplicativo que orienta os consumidores para uma alimentação mais saudável; e em terceiro, o agrônomo André Rodrigues dos Reis, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), com a biofortificação agronômica do feijão-caupi com selênio para mitigar a desnutrição e a fome oculta no Brasil.
Doutores e pesquisadores da UEM, Vanessa Néia e Jesui Visentainer, autores do trabalho que levou o primeiro lugar, desenvolveram uma tecnologia para conservar o leite humano à temperatura ambiente, mantendo suas propriedades nutricionais e biológicas. Na conversão em pó, foram aplicados dois processos de liofilização e secagem por “spray drying” ou atomização, método realizado a partir da suspensão do líquido por secagem rápida.
“Acredito que o leite em pó, tanto por spray dry quanto por liofilização é muito importante para o desenvolvimento do País, sem contar que podemos salvar vidas”, comentou Néia, lembrando a importância comprovada pela ciência da amamentação para a saúde dos bebês.
A plataforma digital Desrotulando, desenvolvida por Carolina Costa Grehs e Gustavo Grehs é uma startup que tem por objetivo a educação nutricional, constituindo um banco de dados colaborativo a partir da contribuição dos usuários. Carolina Grehs definiu a aplicação como de atuação independente para promoção de escolhas alimentares conscientes. O aplicativo reúne informações nutricionais de alimentos diversos e atribui uma nota para o conteúdo dos ingredientes – quanto menos processados, maior a pontuação, mais saudáveis para as pessoas.
“Nosso trabalho tem inúmeras possibilidades, principalmente pelo banco de dados que a gente vem desenvolvendo com o uso do aplicativo”, disse Carolina Grehs.
A biofortificação agronômica de alimentos, desenvolvida por Rodrigues dos Reis e Vinicius M. da Silva, é uma técnica que visa adicionar, por manejo de adubação, o selênio e outros nutrientes no solo ou diretamente nas folhas das plantas. O objetivo é que eles sejam absorvidos e acumulados nas culturas agrícolas, aumentando o teor desses nutrientes para a alimentação humana e animal. “É uma forma da gente aumentar a produtividade agrícola, não só a produção, mas também a qualidade”, afirmou Reis.
Sobre a Fundação e o Prêmio
Instituição privada e sem fins lucrativos, a Fundação Péter Murányi já investiu R$ 3 milhões e avaliou 1.704 trabalhos, desde a primeira edição da premiação, em 2002. Péter Murányi (1915-1998) foi um empresário que deixou como legado a fundação que incentiva o progresso científico, premiando pessoas físicas de destaque nas áreas de alimentação, educação, saúde e ciência e tecnologia, temas que se alternam ano a ano. A 19ª edição contou com apoio da SBPC e outras nove instituições.
A próxima edição do prêmio Péter Murányi terá como tema “Educação”. As inscrições já estão abertas e os interessados podem enviar seus trabalhos até o dia 31 de outubro de 2020. Maiores informações no site da fundação.
Assista ao evento de entrega do prêmio Péter Murányi na íntegra pelo canal da SBPC no Youtube
Jornal da Ciência