“Divulgação científica poderia buscar linguagem menos acadêmica para atender ao leitor”, diz vencedor do Prêmio José Reis de 2020

Com 35 anos de dedicação ao jornalismo científico, Carlos Henrique Fioravanti, editor especial da revista Pesquisa Fapesp, contou sobre sua trajetória e discutiu a divulgação da ciência brasileira em sessão especial da 40ª edição da premiação concedida pelo CNPq

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“Em que o jornalismo científico poderia melhorar?” foi o tema da conferência de Carlos Henrique Fioravanti, editor especial da revista Pesquisa Fapesp e ganhador do 40° edição do prêmio Prêmio José Reis de Divulgação Científica, promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A sessão foi realizada durante o segundo ciclo da 72ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), nessa terça-feira, 6 de outubro.

A atividade foi apresentada pelo presidente do CNPq, Evaldo Ferreira Vilela, e contou com a presença de Maria Zaira Turchi, diretora do Departamento de Infraestrutura de Pesquisa e Formação e Educação em Ciências do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), e do presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira.

O Prêmio José Reis é a mais importante premiação oferecida aos profissionais que cobrem ciência e tecnologia. E atribuída pelo conjunto da obra em sistema de rodízio anualmente a uma das três categorias: Jornalista em Ciência e Tecnologia, Instituição e Veículo de Comunicação, e Pesquisador e Escritor. Nesta edição, concorreram 25 jornalistas de todo o País.

Em sua palestra, Fioravanti lembrou reportagens realizadas ao longo de seus 35 anos de carreira e abordou alguns pontos que podem ser explorados na divulgação científica brasileira para uma maior aproximação com o público geral. “Esse é um debate internacional que ocorre há muitos anos, mas a conclusão que eu tenho visto é que a divulgação científica poderia buscar uma linguagem menos acadêmica para atender ao leitor”, disse.

Experiente e com passagens em diversos veículos de comunicação, dentre eles os jornais Diário Comércio & Indústria (DCI), O Estado de S. Paulo e a revista Globo Ciência – hoje Galileu -, o jornalista mencionou o privilégio de ver a construção de pesquisas científicas e de poder contar com o apoio de colegas de equipe e cientistas. Ele destacou a matéria intitulada “A preciosa lama do mar”, escrita após passar nove dias em um navio, em alto mar, acompanhando um grupo de pesquisadores em 2013: “pode-se ver um pouco das engrenagens da ciência e as coisas que os papers não contam. O trabalho pesado e repetitivo, a tensão causada pelos imprevistos, as hipóteses de trabalho nascendo, o lado literalmente sujo da ciência expresso nos rostos enlameados.”

Segundo ele, a ciência pode até parecer difícil a princípio, mas pode também ser muito divertida, emocionante e oferecer um leque de campo de ação e conhecimentos próprios e fascinantes. “Cada área é uma forma de ver o mundo. E entrando nelas, dá para ganhar um pouco desse conhecimento e ver o mundo dessas outras formas”, disse.

A atividade foi encerrada com a apresentação do vídeo “José Reis, o caixeiro-viajante da ciência Brasileira”, parte da série “Personagens da divulgação científica”, produzida pelo INCT Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia.

O presidente da SBPC ressaltou que José Reis foi um dos pioneiros da divulgação científica brasileira e que teve um papel fundamental na consolidação da ciência no Brasil, além de ter uma conexão forte com a SBPC: ele foi um dos fundadores da entidade.

Assista à conferência na íntegra pelo canal da SBPC no YouTube.

Vivian Costa – Jornal da Ciência