“Em que o jornalismo científico poderia melhorar?” foi o tema da conferência de Carlos Henrique Fioravanti, editor especial da revista Pesquisa Fapesp e ganhador do 40° edição do prêmio Prêmio José Reis de Divulgação Científica, promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A sessão foi realizada durante o segundo ciclo da 72ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), nessa terça-feira, 6 de outubro.
A atividade foi apresentada pelo presidente do CNPq, Evaldo Ferreira Vilela, e contou com a presença de Maria Zaira Turchi, diretora do Departamento de Infraestrutura de Pesquisa e Formação e Educação em Ciências do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), e do presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira.
O Prêmio José Reis é a mais importante premiação oferecida aos profissionais que cobrem ciência e tecnologia. E atribuída pelo conjunto da obra em sistema de rodízio anualmente a uma das três categorias: Jornalista em Ciência e Tecnologia, Instituição e Veículo de Comunicação, e Pesquisador e Escritor. Nesta edição, concorreram 25 jornalistas de todo o País.
Em sua palestra, Fioravanti lembrou reportagens realizadas ao longo de seus 35 anos de carreira e abordou alguns pontos que podem ser explorados na divulgação científica brasileira para uma maior aproximação com o público geral. “Esse é um debate internacional que ocorre há muitos anos, mas a conclusão que eu tenho visto é que a divulgação científica poderia buscar uma linguagem menos acadêmica para atender ao leitor”, disse.
Experiente e com passagens em diversos veículos de comunicação, dentre eles os jornais Diário Comércio & Indústria (DCI), O Estado de S. Paulo e a revista Globo Ciência – hoje Galileu -, o jornalista mencionou o privilégio de ver a construção de pesquisas científicas e de poder contar com o apoio de colegas de equipe e cientistas. Ele destacou a matéria intitulada “A preciosa lama do mar”, escrita após passar nove dias em um navio, em alto mar, acompanhando um grupo de pesquisadores em 2013: “pode-se ver um pouco das engrenagens da ciência e as coisas que os papers não contam. O trabalho pesado e repetitivo, a tensão causada pelos imprevistos, as hipóteses de trabalho nascendo, o lado literalmente sujo da ciência expresso nos rostos enlameados.”
Segundo ele, a ciência pode até parecer difícil a princípio, mas pode também ser muito divertida, emocionante e oferecer um leque de campo de ação e conhecimentos próprios e fascinantes. “Cada área é uma forma de ver o mundo. E entrando nelas, dá para ganhar um pouco desse conhecimento e ver o mundo dessas outras formas”, disse.
A atividade foi encerrada com a apresentação do vídeo “José Reis, o caixeiro-viajante da ciência Brasileira”, parte da série “Personagens da divulgação científica”, produzida pelo INCT Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia.
O presidente da SBPC ressaltou que José Reis foi um dos pioneiros da divulgação científica brasileira e que teve um papel fundamental na consolidação da ciência no Brasil, além de ter uma conexão forte com a SBPC: ele foi um dos fundadores da entidade.
Assista à conferência na íntegra pelo canal da SBPC no YouTube.
Vivian Costa – Jornal da Ciência