Pelo menos 4 mil estudantes participaram da Reunião Especial da SBPC em Alcântara


Cerca de quatro mil crianças e mais de 100 professores do ensino fundamental, além de dezenas agentes comunitários de saúde, participaram das atividades da Reunião Especial da SBPC em Alcântara, realizada na semana passada.

Cerca de quatro mil crianças e mais de 100 professores do ensino fundamental, além de dezenas agentes comunitários de saúde, participaram das atividades da Reunião Especial da SBPC em Alcântara, realizada na semana passada. De segunda a sexta-feira, eles puderam assistir às aulas e palestras, sobre diversos temas científicos, educacionais e de saúde, ministradas por professores e alunos de doutorado e pós-doutorado de várias universidades federais e outras instituições de ensino. Também tiveram acesso a microscópios, telescópios e a um planetário digital móvel. As ações foram realizadas em escolas municipais nos polos educacionais de Marudá, Oitiua, Raimundo Su e Arehengaua, todos no interior de Alcântara.

Na avaliação da presidente da SBPC, Helena Nader, a reunião foi um sucesso. “Foi uma reunião de parceria”, disse. “Tivemos muitos parceiros e juntos realizamos um evento, que atingiu os alunos, professores e agentes de saúde e a comunidade como um todo. Pudemos vivenciar de fato a Alcântara dos diferentes povos, das diversidades e das diferentes condições sociais. Acho que isso foi muito importante.” Helena também ressaltou a boa acolhida que a SBPC recebeu no município. “Fomos muito bem recebidos e, mais ainda, homenageados com uma festa das comunidades tradicionais, dando um show para nós com suas manifestações culturais”, declarou. “Foi uma das melhores reuniões da SBPC, se não a melhor, de que tive o privilégio de participar.”

O evento também serviu para mostrar que de fato uma escola é o reflexo de seu diretor. A presidente da SBPC diz que pôde ver muitas demonstrações disso em Alcântara. “Aqui eu vi diretor e vice diretor carregando balde de água para limpar banheiros e uma diretora que providencia merenda, lava banheiro e ainda organiza a biblioteca”, contou.  “Vi um Brasil que precisa cada vez mais da SBPC. Deveríamos nos envolver cada vez mais nesse novo foco para a divulgação científica, que são os locais aonde nada chega, à exceção da televisão.”

Para a secretária geral da SBPC, Rute Maria Gonçalves de Andrade, a reunião também foi muito positiva. “Conseguimos chegar nos polos, receber as crianças e contar com a mobilização dos professores e da prefeitura”, disse. “Conseguimos também, apesar de estar havendo a campanha de vacinação, a participação dos agentes de saúde nos cursos que foram oferecidos a eles. Tivemos um retorno extremamente positivo da parte deles, que solicitaram que esse tipo atualização e interação com profissionais da saúde aconteça outras vezes.”Não foram apenas os habitantes do município que se beneficiaram do evento. Para Rute, todas as pessoas que participaram, os professores e os estudantes de pós-graduação que deram as oficinas, saíram de Alcântara levando uma lição de vida, que é a realidade do Brasil.

A secretária geral da SBPC lembrou que todos têm seus cursos na faculdade, atuam nas suas instituições, mas precisam levar isso que aprendem, financiado com público, para fora de seus muros. “Acredito que essa lição de vida de como é o Brasil realmente, quais são os seus poblemas, foi um ganho para todo mundo que participou”, afirmou. “Para a população de Alcântara, por sua vez, é um despertar para que ela possa ver que existe coisas que pode aprender, pode fazer, que existem oportunidades aí fora que ela não está tendo conhecimento. Para a SBPC, é mais um tipo de atividade de divulgação científica, de extrema importância, que é levar realmente a ciência para a população diretamente, sem intermediário.”

O conhecimento e a atualização científica e educacional não foram os únicos legados da Reunião Especial da SBPC em Alcântara. O evento também serviu para despertar ou reforçar vocações científicas. Foi o caso de Gilciléia Pereira Ribeiro, de 15 anos, aluna do 9º ano da Escola Municipal D. Pedro II, do povoado de Arenhengaua, a cerca de 45 quilômetros da cidade de Alcântara. Ela saiu encantada das aulas e palestras de que participou, que serviram para firmar sua convicção sobre o que ela quer ser no futuro: cientista. “Sempre pensei nisso, mas agora, depois de ver o que vi aqui, não tenho mais dúvidas, vou ser pesquisadora”, garantiu. “Só não sei ainda de que área, mas provavelmente será na de Química.”

 (Evanildo da Silveira, de Alcântara)