A inteligência artificial, que tem registrado um crescimento exponencial nos últimos anos, tem sua aplicação associada às engenharias, destacou Roseli de Deus Lopes, professora do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EP-USP) e diretora da SBPC, durante sua conferência “Inteligência artificial e engenharias”. A atividade, proferida no último dia da programação científica da 72ª Reunião Anual da SBPC, foi apresentada por Luiz Bevilacqua, professor emérito do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE-UFRJ).
Lopes explicou que as engenharias de computação e elétrica são importantes para que se consiga ter o domínio das tecnologias na aplicabilidade da inteligência artificial. Segundo a docente, as universidades e instituições de pesquisa têm trabalhado para gerar conhecimento. Mas a área precisa de investimentos robustos para que os conhecimentos gerados consigam ser, de fato, aplicados.
“Nada é por acaso. Quando vemos países que geram tecnologias e inovação, é porque eles investem também em ciência básica e, assim, conseguem reverter esse conhecimento em inovação gerando produtos, e por sua vez, receita, tendo um PIB que realimenta todo o processo”, afirmou.
Estados Unidos e China são os países que mais investem em pesquisas para gerar conhecimento na área envolvendo inteligência artificial. Na plataforma Web of Science, conforme apontou a conferencista, já existem 54.413 publicações indexadas com a palavra “artificial intelligence” – e o Brasil colabora com 1.339 publicações. O País ocupa a 14º posição na geração de conhecimento em inteligência artificial. “Em termos absolutos, a gente poderia estar muito melhor se tivesse mais investido nas áreas estratégicas”, disse.
A Coreia do Sul, por exemplo, tem investido cerca de 4% do PIB em pesquisa e desenvolvimento. “É impressionante o quanto que eles cresceram”, citou, ao ressaltar que esse crescimento se deu por meio de uma política de Estado, com investimentos maciços em educação e CT&I. “No Brasil existe um descompasso. Falta investimento, continuidade, uma previsibilidade e uma articulação entre as instituições de pesquisa”, lamentou.
A professora da USP também falou sobre a associação da inteligência artificial com a internet das coisas. “A internet das coisas é realidade invisível associada à inteligência artificial”, definiu. Segundo ela, as inovações podem gerar operações mais eficientes e melhorar a interação entre o homem e a máquina, principalmente, na análise de dados. “Se o Brasil quer ser protagonista, a gente precisa dar igual importância à inteligência artificial e à internet das coisas. Elas são tecnologias habilitadoras e portadoras para o futuro, não só para os países, mas também para profissionais de diversas áreas”, concluiu.
Assista aqui à conferência na íntegra.
Vivian Costa – Jornal da Ciência