Florestan Fernandes é homenageado em seu centenário

Em conferência durante a 72ª Reunião Anual da SBPC, a professora emérita da UnB, Bárbara Freitag Rouanet, analisou três momentos da vida e obra do sociólogo ligados à política e à educação

conferencia-florestan-fernandes-15h-para-galeria

O fundador da Sociologia brasileira, Florestan Fernandes, foi homenageado nesta segunda-feira (30/11), durante a 72ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

A conferência “Tributo a Florestan Fernandes no seu centenário: educação e política” foi a primeira de doze sessões que serão realizadas pela SBPC durante o quarto e último ciclo da versão virtual e estendida da reunião. Foi proferida pela professora emérita da Universidade de Brasília (UnB), Bárbara Freitag Rouanet, e apresentada pela vice-presidente da SBPC, Fernanda Sobral.

Após uma breve apresentação sobre Fernandes, Freitag analisou três momentos da vida e obra do sociólogo ligados aos aspectos de política e educação. Segundo ela, o primeiro momento envolve a própria formação de Fernandes como filho de uma empregada doméstica que conseguiu ascender à faculdade e fundar o primeiro departamento de estudos de Sociologia voltado aos estudos dos problemas brasileiros na Universidade de São Paulo (1941-1969).

Em um segundo momento, Fernandes assume uma postura política e revolucionária. “Era uma ira sagrada contra as injustiças e uma apropriação privada de bens coletivos, entre os quais ele considerava a educação”, afirmou Freitag.

O terceiro momento foi como deputado federal Constituinte (1987-1991, reeleito para o mandato 1991-1995) pelo Partido dos Trabalhadores por São Paulo. A professora da UnB destacou nesse período a luta de Florestan para que a classe trabalhadora tivesse mais acesso às vagas das universidades públicas. “Ele apontava para as distorções grotescas segundo as quais os filhos das classes mais abastadas estavam ocupando as vagas – raras – das universidades federais gratuitas e de boa qualidade, deixando para os filhos das classes mais pobres e marginalizadas o ensino pago, via de regra noturno e de má qualidade”, afirmou Freitag.

Florestan Fernandes morreu em 1995 de complicações no fígado e segundo Freitag, sustentou até o fim sua visão de que o Brasil poderia chegar a uma sociedade de classes mais justa.

A socióloga Fernanda Sobral chamou a atenção para a atualidade de Florestan Fernandes em questões como, por exemplo, o racismo. “Estamos vendo problemas seríssimos ligados à questão do racismo e Florestan, em seu livro ‘A integração dos negros na sociedade de classes’ já falava que não existia democracia racial, que hoje é tão falada.”

Assista à conferência na íntegra no canal da SBPC no YouTube.

Jornal da Ciência