SBPC entrega Prêmio Carolina Bori para meninas cientistas

No Dia Internacional da Mulheres e Meninas na Ciência, premiadas e juradas exaltam a importância do investimento público em ciência e educação

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Nesta quinta-feira (11/2), Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Unesco, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) entregou o 2º Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher”, desta vez na categoria Meninas na Ciência.

As premiadas foram Juliana Davoglio Estradioto, formada no curso técnico em Administração do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), campeã no nível de Ensino Médio; e Raquel Soares Bandeira, estudante de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pela Graduação.

Quatro estudantes receberam menções honrosas. Na categoria Ensino Médio, Ana Carolina Botelho Lucena, aluna do Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Pará (UFPA), pelo trabalho sobre “A morte como testemunho da vida: família e escravidão nos testamentos do Centro de Memória da Amazônia”, e Nallanda Victoria dos Santos Martins, estudante do Colégio Estadual Doutor Antônio Garcia Filho, Umbaúba (SE), pelo trabalho sobre “Casa de farinha: da mandioca ao bioplástico”.

Pela Graduação, Julia Bondar, estudante de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pelo trabalho sobre depressão em adolescentes; e Nayara Stefanie Mandarino Silva, graduada em Letras pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), pelo trabalho sobre “Marquês de Pombal e a Instrução Pública”, pelo nível Graduação.

As estudantes da primeira colocação vão ganhar, cada uma, um notebook, e as quatro menções honrosas receberão um tablet cada uma. Os instrumentos são oferecidos pela L’Oréal Brasil, apoiadora da premiação.

“A ciência precisa das mulheres”

O presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, ressaltou a importância do Prêmio Carolina Bori para reconhecer, agradecer e homenagear a participação das meninas e mulheres no universo científico. “A ciência precisa das mulheres e meninas e a ciência brasileira mais ainda. Em tempos tão difíceis como os que estamos vivendo, é uma esperança muito grande apresentar, parabenizar e premiar essas meninas”, disse Moreira.

A vice-presidente da SBPC, Fernanda Sobral, que coordenou a avaliação do prêmio, lembrou que apesar de responderem por quase 70% do total da produção científica, as cientistas brasileiras são apenas 24% dos pesquisadores que recebem bolsas de produtividade, o topo da carreira. “Apesar de serem maioria em diversas áreas, as mulheres não estão representadas nos níveis mais altos”, disse Sobral.

Uma das juradas do concurso, a cientista Vanderlan Bolzani, criadora do Prêmio Carolina Bori quando foi vice-presidente da SBPC, destacou a necessidade de igualdade de gênero, frisando que isso só seria possível com atitudes, políticas públicas e trabalho em conjunto. “É importante estarem juntos, meninas e meninos, trabalhando pela sustentabilidade do planeta e pela vida. É assim que vamos construir o futuro”, afirmou Bolzani.

A cientista Helena Nader, também jurada, recordou uma frase da cientista Marie Curie (1867-1934) que recebeu dois prêmios Nobel, em Química e Física. “Ela disse ‘vocês não podem esperar construir um mundo sem melhorar as pessoas, cada um de nós tem que trabalhar em sua própria melhora”. Nader foi a vencedora da primeira edição do Prêmio Carolina Bori, na categoria “Mulheres Cientistas”, em 2020.

Cristina Garcia, diretora científica da L’Oréal Brasil, entidade apoiadora da premiação e também jurada, afirmou que o convite da SBPC para participar foi uma oportunidade de “trazer uma visão complementar” ao programa que a empresa já promove, “Para Mulheres na Ciência”, em parceria com a Unesco e a Academia Brasileira de Ciências (ABC). “Acreditamos que é o momento (das meninas) em que o estímulo pode mudar a vida dessas cientistas”, afirmou.

Participaram também da cerimônia virtual as outras cientistas que formaram a comissão julgadora: Roseli de Deus Lopes, diretora da SBPC e professora do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da EP-USP; Lucia Mendonça Previato, diretora da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e Rochele Loguercio, presidente da Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (Abrapec).

Lucia Previato ressaltou o papel dos professores e orientadores que estimulam as estudantes e mandou um recado aos dirigentes do País: “Prestem atenção à ciência brasileira. Prestem atenção às nossas meninas. Vocês são responsáveis.”

Rochele Loguercio falou sobre como o prêmio pode ajudar a dar visibilidade às mulheres cientistas, que estiveram sempre ativas, mas invisíveis, na história da ciência mundial. “Podemos, sim, proliferar as vozes das meninas na ciência. A ciência carece da diversidade. Só se evolui, só se produz ciência de qualidade, frente à diversidade”, afirmou.

Roseli de Deus Lopes concluiu a fala das juradas chamando também atenção para a necessidade de ampliar a participação das mulheres no setor. “Precisamos ter maior representatividade feminina nas ciências básicas, nas ciências aplicadas e nas engenharias, proporcional ao número de pessoas em nossa sociedade, para que a gente também consiga se fortalecer e avançar nessa carreira, para ascender a posições de decisão”, disse.

Investimento público

As jovens cientistas agraciadas com o 2º Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” aproveitaram a oportunidade da cerimônia e se juntaram ao apelo da comunidade científica e acadêmica por mais recursos e melhores políticas públicas na educação, na Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I).

“Precisamos de investimento público em educação”, exaltou a vencedora do Prêmio na categoria ensino médio, Juliana Davoglio Estradioto. “Esse prêmio é muito importante para dar visibilidade ao nosso trabalho nesse momento tão difícil para fazer pesquisa no Brasil”, afirmou Julia Bondar. “O colégio público é capaz”, frisou Nallanda Victoria dos Santos Martins.

Assista a cerimônia virtual de entrega do 2º Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” na íntegra, no canal da SBPC no Youtube

Jornal da Ciência