A divulgação científica tem um papel importante para que a população adquira conhecimento sobre ciência e conheça o quanto ela está presente em seu entorno. Uma das maneiras de ampliar este conhecimento é realizar atividades para divulgar a ciência. E com o intuito de ampliar este debate, foi realizada nesta terça-feira (28/01), a mesa redonda “Divulgação científica no Brasil e na Alemanha”, dentro da programação científica complementar à exposição Túnel da Ciência Max Planck. Participaram da mesa, Peter Steiner, coordenador do Túnel da Ciência, Douglas Falcão, diretor do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Ildeu de Castro Moreira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Glória Queiroz, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Ao abrir o debate, Steiner explicou que é preciso criar um diálogo com o público para que as pessoas conheçam o que se tem feito no âmbito científico e que a Sociedade Max Planck o faz com diversas atividades. Ele observa que há recursos públicos do governo em todas as instâncias, mas que para financiar esses projetos a instituição conta principalmente com o setor privado. Ele lembrou que a questão da divulgação científica na Alemanha era secundária até pouco tempo e que tudo mudou depois do ano 2000, quando foi estabelecido um diálogo científico. “Criamos a exposição Túnel da Ciência para mostrar o nosso trabalho. Acreditamos que o público deva ser incluído cada vez mais nos resultados e exposições dinâmicas tornam a ciência mais compreensível”.
Além da exposição multimídia Túnel da Ciência, Steiner disse que a instituição conta com eventos regulares. “Existe na Alemanha um evento chamado Porta Aberta, quando as instituições convidam o público a conhecer como se faz ciência. Em 2009 fizemos o trem científico e também já tivemos o barco científico”, explicou.
Com a palestra “A divulgação científica no Brasil”, o professor Ildeu de Castro Moreira lembrou que é preciso ampliar e melhorar a qualidade da divulgação científica no Brasil, para que esta contribua para um maior interesse pela ciência e para a criação de uma cultura científica. “Entre os desafios do país está a necessidade de envolver sociedades científicas, instituições de pesquisa, universidades, governo, cientistas, comunicadores, educadores e estudantes”, disse.
Segundo Moreira, a ciência e a tecnologia permeiam hoje a vida de todos e muitos não se dão conta disso. “É importante para que todos tenham oportunidade de adquirir conhecimento básico sobre a ciência e seu funcionamento que lhe possibilite entender o seu entorno. E a divulgação científica tem papel importante neste contexto”, disse.
Para o pesquisador, a divulgação científica tem um papel complementar ao ensino formal de ciências, reconhecidamente deficiente no Brasil. “É preciso estabelecer programas nacionais e locais voltados para a popularização da ciência e tecnologia”. Ele cita que o Brasil não tem ainda uma política ampla com este objetivo, embora já tenham surgido iniciativas localizadas ou programas específicos para áreas determinadas.
Moreira ressaltou também que, embora o país ainda esteja longe de ter uma atividade mais ampla e de qualidade, já houve uma expansão, melhoria de acessibilidade e a distribuição de espaços científicos-culturais. “Ampliar sempre é um desafio, mas temos exemplos importantes como as reuniões anuais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o Projeto Ciência Hoje, a criação de dezenas de centros e museus de ciência, a presença mais constante da ciência na mídia, entre outros. “Apesar desse esforço acentuado, estamos ainda longe de uma divulgação científica de qualidade que atinja amplos setores da população, principalmente os mais pobres”.
Programação científica
A programação científica complementar, que se iniciou ontem (28/01), e vai até o dia 17 de fevereiro, no Hotel Pergamon. O evento e é organizado pelo Centro Alemão de Ciência e Inovação São Paulo (DWIH-SP) e a Sociedade Max Planck, em parceria com o MCTI e o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), e conta com o apoio da SBPC e demais organizações.
Nesta quarta-feira (29/01), Helena Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), moderará a palestra “Creating Knowledge: Research for Upcoming Generations”, que será proferida pelo Prêmio Nobel de Medicina 1991, o professor Erwin Neher. No dia seguinte, o pesquisador fará a palestra “Brain Signals: Communication and Information Processing in the Central Nervous System”.
(Vivian Costa)