Campolina espera que ajuste fiscal poupe C,T&I

O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina, estima que sua pasta seja poupada de contingenciamentos de recursos no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2015, em discussão no Congresso Nacional. “Não vejo previsões de cortes orçamentários para ciência, tecnologia e inovação. Não estamos discutindo corte, estamos discutindo é aumento”, disse o ministro, nesta terça-feira (23/07), em entrevista coletiva minutos depois de inaugurar a ExpoT&C – mostra de ciência e tecnologia, uma das atividades da 66ª Reunião Anual da SBPC, que se realiza nesta semana na Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco.
Ministro tenta minimizar preocupação da comunidade científica sobre financiamento para pesquisa
O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Clelio Campolina, estima que sua pasta seja poupada de contingenciamentos de recursos no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2015, em discussão no Congresso Nacional.

“Não vejo previsões de cortes orçamentários para ciência, tecnologia e inovação. Não estamos discutindo corte, estamos discutindo é aumento”, disse o ministro, nesta terça-feira (23/07), em entrevista coletiva minutos depois de inaugurar a ExpoT&C –  mostra de ciência e tecnologia, uma das atividades da 66ª Reunião Anual da SBPC, que se realiza nesta semana na Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco. 

Embora entenda as dificuldades que o Governo Federal enfrenta na área fiscal, em decorrência da perda de dinamismo da atividade econômica, Campolina avalia que este é um momento especial para a pasta de C,T&I, que acaba de apresentar ao País o programa Plataformas do Conhecimento.
“Esse projeto que estamos apresentando é para médio e longo prazo. Por isso, estou insistindo que não haja descontinuidade das políticas atuais que, inclusive, precisam ser ampliadas”, disse. 
A tentativa do ministro é minimizar a preocupação da comunidade científica sobre o financiamento da pesquisa, que vem perdendo recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Neste ano, o FNDCT passou a fomentar o programa Ciência sem Fronteiras. 
Em conferência no Teatro Universitário da Ufac, antes de conceder a entrevista coletiva, Campolina falou do Programa Plataformas do Conhecimento.
Na avaliação do ministro, o programa pode fazer frente aos desafios que se apresentam ao País no cenário internacional, que, segundo ele, está diante de um novo ciclo de desenvolvimento tecnológico, decorrente “da combinação de múltiplas trajetórias tecnológicas”. 

Fontes de recursos 
Apresentadora da conferência, a presidente da SBPC, Helena Nader, questionou as fontes de recursos do programa Plataformas do Conhecimento. “Ninguém pode ser contra o Brasil. Mas queremos ter a certeza das fontes de recursos e da manutenção da base para as Plataformas.” 
Da plateia, o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis, por sua vez, cobrou o comprometimento do Ministério de colocar dinheiro novo no programa e de não tirar recursos de projetos em andamento para fomentar as Plataformas.  “Isso tem que ser um compromisso sério”, atestou. 
O conselheiro da SBPC e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ildeu Moreira argumentou na mesma linha de Palis e mostrou sua preocupação com o ocorrido com o programa Ciência sem Fronteiras. “O senhor prometeu que serão recursos novos para as Plataformas. Mas, no caso do Ciência sem Fronteiras, sempre diziam que seriam recursos novos para o programa, o que não se cumpriu depois.”  

Preocupação 
Segundo Moreira, o governo tem valorizando muito o discurso da inovação e tecnologia e deixando a ciência básica em segundo plano. “Esse é um discurso que não coincide com o do senhor, mas que nos deixa preocupados, porque isso se traduz na redução drástica dos recursos do FNDCT. Além disso, o CNPq vive uma situação crítica”.
Moreira arrancou risos da plateia ao fazer uma analogia do discurso do governo, na área de ciência, tecnologia e inovação, à estratégia da Seleção Brasileira montada pelo ex-técnico, Luiz Felipe Scolari.
“Temo que esteja em curso uma estratégia de Felipão, de achar que a seleção vai funcionar com palavras, que a inovação vai se dar lá na frente com o Fred isolado; que a defesa, que é a formação de pessoal, vai ser descaracterizada; e o meio de campo, que é a ciência básica, vai ficar esperando o quê?”. 
Moreira considera importante “deixar muito claro que a pesquisa básica é fundamental” para o avanço da ciência e inovação.   
Por sua vez, Campolina disse não ter dúvida de que a pesquisa básica é essencial para o avanço científico e tecnológico. “Não há como avançar no conhecimento aplicado sem a pesquisa básica”, disse o ministro. 
Afirmando ser otimista por natureza, Campolina disse entender a preocupação da comunidade científica com as fontes de recursos para ciência. Ao mesmo tempo, assegurou que o projeto Plataformas do Conhecimento não trará prejuízos aos programas atuais.  
“Estou de acordo que temos de lutar por mais dinheiro”, disse o ministro, reconhecendo, porém, que essa é uma questão política e que não depende dele. 

(Viviane Monteiro/Jornal da Ciência)