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Programa Plataformas do Conhecimento avança

Uma nova rodada de discussão sobre o Programa Nacional de Plataformas do Conhecimento (PNPC) com representantes da comunidade científica foi realizada no dia 5 de agosto, no Rio de Janeiro. Depois da USP, Unicamp, UFRJ e Coppe, e de um debate na SBPC, foi a vez dos membros da Academia Brasileira de Ciências (ABC) debaterem o novo programa do Governo, que foi apresentado pelo presidente da FINEP, Glauco Arbix.
Dez temas de plataformas foram definidos por comitê técnico
Uma nova rodada de discussão sobre o Programa Nacional de Plataformas do Conhecimento (PNPC) com representantes da comunidade científica foi realizada no dia 5 de agosto, no Rio de Janeiro. Depois da USP, Unicamp, UFRJ e Coppe, e de um debate na SBPC, foi a vez dos membros da Academia Brasileira de Ciências (ABC) debaterem o novo programa do Governo, que foi apresentado pelo presidente da FINEP, Glauco Arbix.

Na apresentação, Arbix falou do resultado da primeira reunião do comitê técnico realizada no dia 18/7 e que envolveu o tema de dez plataformas. São elas: avião verde, biofármacos, vacinas, biocombustíveis e bioquímicos a partir da cana de açúcar, nanomateriais para as indústrias de petróleo, gás e energia, reator multipropósito, SIRIUS, satélites, equipamentos ópticos aplicados à Saúde, e tecnologias de manufatura avançada (TMA).
O comitê técnico é presidido pelo ministro Clelio Campolina do MCTI e formado ainda pelos ministros Henrique Paim, da Educação (MEC); Aloizio Mercadante, da Casa Civil; e Mauro Borges Lemos, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O grupo se reuniu para definir processo, plano de trabalho e debater propostas de encomendas mais maduras. 
A ideia do PNPC, segundo Arbix, é inverter a lógica hoje existente, na qual os projetos chegam das universidades e centros de pesquisa até as agências. “A demanda será pública, ela será a ordenadora dos arranjos a serem feitos sejam vacinas, reatores ou satélites”, explicou. 
Arbix mostrou ainda os principais pontos do programa que agora envolve 12 ministérios entre eles o de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); de Educação (MEC); do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG); da Fazenda (MF) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). “Houve uma expansão na ciência brasileira nos últimos 20 anos, mas há uma necessidade urgente de avançar mais e com qualidade. E como elevar o patamar e o impacto da CT&I no Brasil? Esse programa faz parte da resposta”, disse o presidente da FINEP.
De acordo com ele, em quatro meses de trabalho mais de 256 especialistas foram consultados e foram abertos debates com membros de várias instituições e sociedades científicas como a SBPC, ABC, Andifes e Confap. Além disso, foi produzido um documento de mais de 100 páginas escrito a várias mãos que contém 269 entregas sugeridas nos mais diversos níveis de maturidade e possibilidade.
Questionamentos
O físico Luiz Davidovich, professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor da ABC levantou algumas questões após a apresentação de Glauco Arbix. “O que acontece com o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, ele some? Ele não vai ter nenhuma participação na estrutura do PNPC? De um modo geral, sinto falta de uma visão mais sistêmica e de programas transversais”, apontou.
Do ponto de vista da professora titular de Sociologia Política, da UFRJ, Elisa Reis, falta uma estratégia política para implantar o PNPC. “Falta um esforço concentrado para toda essa ousadia”, afirmou.
O pesquisador Elibio Rech, do Laboratório de Transferência de Genes, da EMBRAPA, entende o programa Plataformas do Conhecimento como uma diretriz, mas alerta para um desafio importante. “Temos que acabar com a retórica e agir. Como vamos fazer tudo isso com a celeridade que o mundo exige?”, questionou.
Glauco Arbix respondeu aos professores e pesquisadores presentes ao debate que não tinha todas as respostas, mas fez alguns comentários. “Não acho que o problema da ciência brasileira está na universidade. Pelo contrário, acho que uma parte da universidade terá que se sintonizar com o que está do lado de fora. No Brasil, a gente funciona como um arquipélago e não como um continente”, argumentou. Ainda de acordo com ele, não há como reformar o sistema universitário inteiro. “Claro que precisamos da universidade, mas vamos ter que amarrar laços diferentes”, disse.
Veja mais sobre o assunto no Jornal da Ciência http://www.jornaldaciencia.org.br/impresso/JC761.pdf
(Edna Ferreira/Jornal da Ciência)