A divulgação científica e cultural desempenha um papel de fundamental importância na desmistificação da ciência e na aproximação entre a sociedade e as descobertas científicas. No caso do Brasil, muito pouco se conhece sobre a história das atividades de divulgação científica realizadas no país, em épocas mais recuadas. Chega-se mesmo a imaginar que tais atividades não existiram ou que foram insignificantes durante quase todo o período histórico brasileiro, e que, somente no final do século XX, seria possível falar em uma divulgação científica. Podemos conceituar a atividade de divulgação científica como uma atividade complexa em que os conhecimentos científicos e tecnológicos são colocados ao alcance da população na linguagem do grande público para que essa possa utilizá-los nas suas atividades cotidianas e tomadas de decisão que envolvam a família, a comunidade ou a sociedade como um todo.
O Estado do Maranhão possui localização privilegiada, situando-se numa zona de confluência entre as regiões da Amazônia, o cerrado e o semiárido nordestino. Por se tratar de uma região de transição nele podemos encontrar um grande número de biomas tropicais, tais como: floresta tropical úmida, cerrado, manguezal, campos alagados, restinga, floresta tropical seca, campos rupestres, cocais, etc. Essa rica diversidade de biomas faz do Estado do Maranhão um mosaico de ecossistemas influenciando diretamente a cultura local e as atividades produtivas do homem. Não obstante, apesar de possuir uma grande área territorial, localização privilegiada e uma biodiversidade rica e exuberante o Maranhão é um dos estados mais pobre da Federação, possuindo um dos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo do Brasil.
Como a maioria de seus municípios estão abaixo da linha da pobreza, assemelhando-se as condições extremas de carência dos países africanos, esse baixo nível de desenvolvimento acaba gerando grandes problemas econômicos, sociais e ambientais, o que acarreta uma baixa escolaridade da população, diminuindo a qualidade de vida dos maranhenses e dificultando o desenvolvimento sustentável do país. Por outro lado, o povo do Maranhão possui uma rica cultura, secular, o que permite enfrentar e ajustar sua sobrevivência aos problemas impostos pelo ambiente e pelo cotidiano. Nesse sentido o desenvolvimento científico e tecnológico, assim como, a inovação é uma das chaves para resolver esses problemas, podendo ser utilizados como fator de inclusão e de transformação social, cabendo às ciências e à divulgação e popularização da ciência a importante missão de criar um cenário alternativo e estruturar novos paradigmas para o seu Desenvolvimento com Ciência e Sustentabilidade. Portanto, é de fundamental importância a oportunidade que se oferece para cada cidadão em adquirir conhecimentos básicos sobre a ciência e seu funcionamento, o qual dará condições de entender o seu entorno, além de ampliar as suas oportunidades no mercado de trabalho e de atuar politicamente como conhecimento de causa, em especial o cidadão e a cidadã do Estado do Maranhão, onde as desigualdades são intensas e os índices de inclusão social estão aquém do que possa sonhar para o mínimo de uma adequada qualidade de vida.
Na busca das atividades que delinearam vasto repertório discursivo sobre a divulgação científica explicitada no texto e a sua relação com a educação não formal, decidimos propor uma iniciativa de publicações no principal jornal de notícias impresso publicado no Jornal o Estado, a coluna Vida Ciência.
A coluna Vida Ciência é uma iniciativa do Laboratório de Divulgação Científica Ilha da Ciência e da Secretaria Regional da SBPC, e seu primeiro número data de maio de 2017, com edições ininterruptas em seus primeiros anos de existência até a presente data. A página Vida Ciência, além da tiragem mensal impressa de 15.000 exemplares para venda e assinantes, é disponibilizada no portal do Jornal O Estado em sua versão de mídia eletrônica e sempre publicada na última semana de cada mês. Os conteúdos dos artigos apresentavam-se com características de difusores da ciência e da educação não-formal. Os artigos são bastante diversificados e atualizados sendo de linguagem para o grande público e com bastante ilustrações. Utilizamos como imagem do Jornal, fotos tiradas de mostras científicas realizadas pelo Laboratório, de pesquisas, de experimentos concebidos e construídos no Ilha da Ciência e de Astros celestes do nosso sistema solar.
Outra reivindicação da comunidade científica seria a inserção na mídia televisiva a apresentação de um quadro semanal de assuntos voltados para a Ciência. Fomos atendidos em parte com a iniciativa de colocar na programação do telejornal Bom dia Mirante uma ação permanente de Divulgação Científica realizada pelo jornalista Soares Júnior com o quadro “Produzindo Ciência”.
No caminho da consolidação da Divulgação Científica em nosso Estado cito a realização de 17 Semanas Nacional de Ciência e Tecnologia (2004-2021) duas Reuniões Anuais (1997-2012) e quatro Regionais da SBPC, a criação da Academia Maranhense de Ciências, criação da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapema), criação da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, fomento da lei que criou a Semana Estadual de Ciência e Tecnologia no estado e várias municipais sempre no intuito de tornar a Ciência um bem popular.
*O artigo reflete exclusivamente a opinião do autor