Antonio Carlos Martins de Camargo, professor titular aposentado da USP, acredita que a entidade deveria ter se manifestado contra nomeação do ministro Aldo Rebelo. Abaixo as posições do professor Camargo e a resposta da SBPC.
A carta:
São Paulo, 10 de janeiro de 2015.
Prezada Professora Helena Nader,
O repúdio público da SBPC à indicação de uma pessoa incompetente para dirigir, nos próximos quatro anos, o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação seria uma das mais importantes iniciativas que eu, como filiado dessa entidade, esperaria ter ocorrido. A omissão dessa manifestação significa, no meu entender, a irrelevância dessa medida (ou da SBPC), ou puro oportunismo político. Não gostaria de compactuar com nenhuma dessas alternativas, motivo pelo qual solicito minha desfiliação da SBPC.
Outras razões para essa solicitação poderão ser encontradas nas manifestações de Luiz Hildebrando P. da Silva e Antonio CM Camargo feitas durante a 66ª Reunião da SBPC em julho de 2014. Os males causados nessa área estratégica, perpetrados por ação da ditadura militar de 1964, tendem a se perpetuar na substituição da truculência pela corrupção endêmica que infelicita nosso país.
Atenciosamente,
Antonio Carlos Martins de Camargo
Professor Titular aposentado da USP
Sobre o ministro:
Além da carta com pedido de desfiliação, Camargo coloca sua opinião sobre o novo ministro em mensagem enviada à presidente da SBPC: “O principal problema que vejo no Rabelo é que suas convicções políticas não são circunstanciais como no caso do (Eduardo) Campos, mas são ideológicas (Marx); essa política que levou a derrocada da ciência na URSS é muito mais perigosa para o Brasil e para o mundo (questões climáticas, por exemplo). Temos um ministro que demagogicamente tem que agradar gregos e troianos fingindo-se democrata. Enfim, como dizia Darcy Ribeiro: diante da política vigente só há dois caminhos: resignar-se ou indignar-se. VIVA OS CIENTISTAS QUE NÃO SE RESIGNAM.”
Resposta da SBPC:
A presidente da SBPC, Helena B. Nader, enviou mensagem ao prof. Antonio Carlos Martins de Camargo, da qual extraímos os trechos principais: “A democracia envolve escolhas garantidas ao presidente da República. Assim, cabe à SBPC, dentro da sua história democrática, aceitar a escolha da presidente. O fato de não termos nos posicionado contrários à escolha não significa oportunismo político da nossa parte. Não compactuamos e não podemos pré-julgar a conduta que será tomada pelo ministro, mas nos manteremos alerta e cobraremos que as políticas científicas, em especial aquelas resultantes da quarta conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, sejam cumpridas. Já tivemos outros políticos com excelente desempenho junto ao Ministério. Novamente, estaremos atentos como sempre para defender os interesses da comunidade científica em prol do país, e não deixaremos de lutar contra qualquer atitude baseada em convicções políticas.”