SBPC lamenta falecimento do físico Ronald Shellard

Grande colaborador e sócio ativo da entidade desde 1971, Shellard foi secretário regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência no Rio de Janeiro de 1996 a 1998

WhatsApp Image 2021-12-07 at 19.43.14A SBPC lamenta a morte nesta terça-feira (07) de Ronald Cintra Shellard, aos 73 anos, pesquisador titular e diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Sempre atuante na SBPC, ele foi secretário regional no Rio de Janeiro de 1996 a 1998 e colaborador constante das ações da entidade.

Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, diretora da SBPC, relembra o acolhimento do CBPF na gestão de Shellard e a atuação sempre marcante do cientista em defesa da ciência. “Perdemos um grande amigo da ciência e da SBPC. Shellard acolheu reuniões organizadas pela SBPC no Rio de Janeiro no CBPF durante muitos anos e sempre participava com clareza e firmeza sobre posições a favor do apoio a manutenção do desenvolvimento científico tecnológico do Brasil. Um pesquisador acolhedor e agregador que sem dúvida fará muita falta, não somente para física, mas também para toda a comunidade científica”.

Ildeu de Castro Moreira, presidente de honra da SBPC, também lamentou o falecimento do físico. “Shellard foi uma pessoa muito importante para a física e para a ciência brasileira. Um cientista muito ativo e entusiasta da ciência, que sempre lutou pelo seu aprimoramento e contra os desmontes da ciência brasileira. Ele era incansável, propositivo, generoso e irônico. Teve uma atuação intensa na física com seu trabalho em física experimental de altas energias, colaborando com muitos pesquisadores e estabelecendo parcerias internacionais importantes para o Brasil. Além de ter tido um papel muito significativo à frente do CBPF nos últimos anos. Colaborou bastante com a SBPC, durante anos seguidos,principalmente nas iniciativas da Secretaria Regional da SBPC do Rio de Janeiro, dentre elas, o ‘Ciência às Seis e Meia’ e o projeto Ciência Hoje. Sua partida é uma perda grande para o Brasil, para a SBPC e é uma tristeza para mim, que perco um amigo e companheiro de muitas conversas e empreitadas. Ele nos fará muita falta. Mas devemos nos despedir com um ‘Muito obrigado, Shellard!”, disse Moreira.

Em nota, a diretoria em exercício do CBPF está “em luto” e se despede “com o sentimento de profunda dor e respeito pelo cientista e exemplo que foi para nós, nos comprometendo a honrar o legado construído, para passar adiante o bastão dos ensinamentos, experiência e liderança deixados por ele”.

Trajetória

Desde pequeno, Shellard gostava de fazer experimentos e foguetes, prática que contribuiu para que o interesse pelas áreas de engenharia e física surgisse e se fortalecesse. Graduou-se em física (1970) pela Universidade de São Paulo (USP) e concluiu o mestrado na mesma área (1973) no Instituto de Física Teórica (IFT), unidade complementar da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Aperfeiçoou-se em física e astronomia (1973-1974) na Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (EUA) e concluiu o doutorado também em física e astronomia (1978) na Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA).

Atualmente, Shellard era pesquisador titular e diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. Fez parte da colaboração que opera o Observatório Pierre Auger, da colaboração Cherenkov Telescope Array (CTA) e foi um dos fundadores do Southern Wide Field Gamma-Ray Observatory (SWGO), que começou a vida como Large Array Telescope for Tracking Energetic Sources (LATTES). Além da SBPC, era também sócio da Sociedade Brasileira de Física (SBF), Sociedade Americana de Física (APS, na sigla em inglês), Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês) e membro Titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Tinha experiência na área de Física Experimental de Altas Energias e Física das Astropartículas. Seu interesse estava concentrado no estudo das características de astropartículas (gamas e raios cósmicos) com energias muito altas, e em particular, no que é o estudo através de multimensageiros, de processos astrofísicos muito energéticos.

Em sua biografia na ABC, Shellard dizia que “para fazer ciência não se pode ser muito conformado, tem que esse espírito de ‘fuçar’ as coisas”.

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