Para presidente da SBPC, criação do MCTI é uma decisão acertada para a ciência brasileira, mesmo que seja entre altos e baixos
A comunidade científica celebrou na noite de ontem, 13, os 30 anos de existência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), durante a 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) ,que este ano se realiza nos campus da Universidade Federal de São Carlos (UFScar), no município de São Carlos, interior paulista. A palavra inovação no órgão foi adicionada a partir de 2011.
A presidente da SBPC, Helena Nader, que coordenou a cerimônia, fez uma apresentação sobre a passagem de todos os 18 ministros na pasta de CT&I no decorrer de três décadas. Discorreu ainda sobre o impacto positivo das medidas de C&T adotadas desde 1985, quando foi criado o Ministério. Na ocasião, Helena recordou que a SBPC teve papel de destaque para criação da pasta dedicada à CT&I, quando a entidade era presidida pelo professor Crodowaldo Pavan. Segundo avaliou, essa foi uma decisão acertada para o avanço da ciência no Brasil.
Todos os ex-ministros foram convidados à cerimônia, e todos eles receberam uma placa alusiva aos 30 anos do Ministério concedida pela SBPC. O responsável pela fundação do MCTI, José Sarney, que era presidente do Brasil em 1985, também foi homenageado e convidado. Sarney não compareceu à cerimônia por motivos pessoais. Ele encaminhou uma carta de agradecimento à SBPC, pelo esforço da instituição na criação do Ministério.
Na carta, lida por Helena na cerimônia, Sarney parafraseou um provérbio chinês. “Toda vez que for beber água num poço, lembre-se de quem abriu o poço.”
Sarney destacou, ainda, que a 67ª Reunião Anual da SBPC mostra que o evento precedeu o Estado brasileiro na consciência de que o trabalho científico exige, além do trabalho de laboratório, uma interlocução constante entre pares e entre a comunidade científica e a sociedade. “O que a Nova República fez foi incorporar o Estado a este diálogo”, complementou.
Também foram convidados Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Luiz Inácio Lula da Silva que, não puderam comparecer ao evento. Eles ligaram parabenizando a todos aqueles que passaram pelo comando do Ministério.
Ministros presentes
Além do atual ministro da pasta, Aldo Rebelo, estiveram presentes Roberto Amaral, que comandou o órgão de janeiro de 2003 a dezembro de 2004; Ronaldo Sardenberg, titular da pasta de julho de 1999 a dezembro de 2003; e Marco Antonio Raupp, de janeiro de 2012 a março de 2014 – que também presidiu a SBPC. Aqueles que não conseguiram participar do evento, seja por motivos profissionais, pessoais e de saúde, encaminharam cartas que também foram lidas na cerimônia pela diretoria da SBPC.
No evento, a presidente da SBPC mencionou a melhoria do impacto médio da produção científica no Brasil nas últimas três décadas. Acrescentou que a criação do Ministério veio acompanhada com a pós-graduação de qualidade, o que surtiu impacto positivo sobre o número de citações no mundo.
Para Helena, é necessário ter orgulho do que a ciência brasileira já produziu. “Temos que reverberar melhor tudo que já conseguimos. São trinta anos de acerto, mesmo que entre altos e baixos e crises. Mas às vezes nas crises encontramos novas soluções”, analisou.
O ministro Aldo Rebelo aproveitou o momento para elogiar medidas criadas no passado como os fundos setoriais que ajudaram a institucionalizar políticas públicas para ciência e tecnologia; a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii); as plataformas do conhecimento; e a valorização dos parques tecnológicos.
“Isso pesa sobre os meus ombros como uma imensa responsabilidade. Porque embora esteja apoiado sobre os ombros de gigantes há sempre o risco de não se equilibrar”, parafraseou arrancando risos da plateia. “Espero ter sempre o equilíbrio para avistar longe e prosseguir a marcha e o rumo do que eles fizeram”, disse o ministro, reconhecendo a atuação de cada um que passou pelo comando do MCTI.
(Viviane Monteiro/ Jornal da Ciência)