As elites brasileiras – empresariais, políticas e da burocracia pública – reconhecem que a pobreza e a desigualdade acentuadas acarretam custos para toda a sociedade. Por outro lado, não se sentem parte da solução, atribuindo ao Estado, como um ator abstrato, a responsabilidade exclusiva de agir.
Estes são os principais resultados de um amplo estudo realizado pela cientista política Elisa Pereira Reis que falou ao Jornal da Ciência como contribuição ao especial sobre desigualdades da nova edição (nº 797).
Doutora em Ciência Política pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Reis combinou em seu trabalho dados de pesquisas quantitativas e entrevistas em profundidade, realizados em dois momentos diferentes, primeiro em 1993, depois em 2013.
Para ela, não se pode enxergar essa fatia da sociedade de forma maniqueísta. As conclusões do estudo – intitulado “Elite Perceptions of Poverty and Inequality” -, afirma, estão atuais e contrariam aqueles que esperam explicações fáceis, do tipo a elite é má ou é boa, está certa ou está errada.
Mais recentemente ela expandiu o foco de análise para relacionar percepções de desigualdade e grau de coesão social, tema sobre o qual está para publicar um novo artigo.
Janes Rocha – Jornal da Ciência