Há um ano, em fevereiro de 2021, o governo chinês anunciou ter erradicado a pobreza extrema como resultado de um programa nacional iniciado quatro décadas antes. Mais de 850 milhões de pessoas foram beneficiadas, número que representa quase quatro vezes a população inteira do Brasil. Em âmbito global, significou que 70% da redução total da pobreza do mundo nesse período se deu na China.
Na visão de dois estudiosos do tema, o sucesso do programa se deve a uma combinação de fatores incluindo o forte crescimento econômico, investimentos maciços do governo e também pelo seu caráter descentralizado. “Você não erradica a extrema pobreza sem saber, primeiro, quem são e onde estão os pobres”, comenta o economista Rodrigo Zeidan, que é professor associado da New York University (NYU) Shanghai, pesquisador sênior do Center for Sustainable Business da mesma universidade e da Fundação Dom Cabral (FDC).
Já a historiadora Isis Maia, que está pesquisando o programa chinês para seu mestrado em Políticas Públicas na faculdade de Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), acrescenta que toda a ação envolveu monitoramento presencial periódico e um acompanhamento das famílias e indivíduos beneficiados pelos programas de geração de renda e inclusão.
Para esses dois especialistas, as diferenças históricas, culturais e políticas entre Brasil e China impedem que o programa chinês possa ser replicado no Brasil. Porém alguns pontos podem servir de inspiração: a formação dos gestores em políticas públicas e a descentralização.
Janes Rocha – Jornal da Ciência