O presidente Jair Bolsonaro anunciou um novo contigenciamento no Orçamento deste ano para as pastas de Educação e Ciência, Tecnologia e Inovações. Foram bloqueados 14,5% da verba para despesas de custeio e investimento das Universidades e Institutos federais, bem como para entidades que coordenam cursos de Pós-graduação, como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o que representa uma redução de R$ 3,23 bilhões. Para o ministério da Ciência, o corte é de R$ 2,9 bilhões.
Para Soraya Smaili, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenadora do centro SoU_Ciência, “a manutenção das atividades de ensino, extensão e pesquisa desenvolvidos nas Universidades e Institutos federais, que já estava comprometida em razão da contínua política de cortes, fica ainda mais sufocante, com grandes riscos de comprometer a sua sequência como também provocar impactos incalculáveis inclusive para o desenvolvimento do país”.
De acordo com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), nos últimos 10 anos, a Capes e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) perderam 51% do orçamento para pesquisas desenvolvidas no Brasil.
“Trata-se de um movimento que vai na contramão do que pensa a sociedade, mas, para que isso fique ainda mais evidente, temos que ampliar nossa comunicação com a população e mostrar o tamanho do problema gerado por essa política de desvalorização da educação e da ciência brasileira”, destaca Soraya.
Em 2021, levantamento realizado pelo SoU_Ciência mostrou que quase 70% dos brasileiros atribuem extrema importância à ciência, um crescimento de 47% comparado ao período antes da pandemia, além de indicar que 62% são contra a redução do orçamento para pesquisas científicas.