Mulheres tiveram papel fundamental nas lutas pela independência

Tema foi discutido em conferência durante a 74ª Reunião Anual da SBPC

As mulheres foram fundamentais nos processos de independência na América Latina. Longe de desempenharem um mero papel de coadjuvantes ou espectadoras, elas foram protagonistas nas lutas pela independência bolivarianas e nos levantes brasileiros do século XIX. Isso é o que apontou Elizabeth Del Socorro Ruano-Ibarra, professora do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais – Estudos Comparados sobre as Américas da Universidade de Brasília (ECsA/ELA – UnB), durante a conferência “As Mulheres nas Independências: das Lutas Bolivarianas aos Levantes Brasileiros” realizada durante a 74ª Reunião Anual da SBPC. A atividade aconteceu nesta segunda-feira (25), às 9h, de modo híbrido.

Essas mulheres, da elite e do povo, chefiavam fazendas, propriedades e negócios. Elas eram responsáveis pela circulação de mercadorias, alimentos e por boa parte da base da economia – e tiveram participação ativa nas lutas pela independência. Estudos recentes descobriram inúmeros manifestos no Brasil, escritos e assinados por mulheres, que defendiam a separação de Portugal, assim como a cidadania e a liberdade. Mas elas foram além, elaborando e distribuindo propaganda, promovendo mobilizações, financiando movimentos independentistas, alojando soldados e simpatizantes da independência.

Entretanto, Ruano-Ibarra aponta que é necessário ponderar que, ao longo da história, houve um silenciamento das vozes femininas e um apagamento da figura dessas mulheres – especialmente das negras e indígenas. Apesar de muito presentes e ativas no cotidiano e nas reivindicações populares, seu papel no processo histórico foi diminuído (ou totalmente apagado), seja devido à masculinidade hegemônica ou devido ao preconceito em relação a pessoas negras, escravizadas e indígenas. Para a pesquisadora, isso é um exemplo de como as gerações futuras e as gerações presentes precisam estudar muito mais o lugar das mulheres nos processos políticos brasileiros – e de toda a América Latina.

“As transgressões agenciadas nas independências bolivarianas e nos levantes brasileiros no século XIX ensinam a nós, mulheres do século XXI,  sobre a incidência política de mulheres comuns. Dois séculos depois, nos ensinam a repensar nosso movimento pessoal com a ação política feminista em sociedades pretensamente democráticas, porém esmagadoras da diversidade”, afirmou.

Assista aqui à conferência na íntegra:

https://youtu.be/7sTRzRF5lYI

Chris Bueno – Jornal da Ciência