“Nada se resolve com violência”

Participantes debatem o Plano Nacional de Enfrentamento das Violências Contra Crianças e Adolescentes em painel da 74ª Reunião Anual da SBPC

Uma em cada duas crianças em todo mundo sofre alguma forma de violência, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, o Disque 100 – serviço de denúncias e proteção contra violações de direitos humanos – recebeu mais de 101 mil denúncias de violência contra crianças e adolescentes em 2021. Dessas, pouco mais de 12 mil foram de estupros e 2.779 envolvendo exploração sexual. Porém, nem todos os casos são notificados. O tema foi discutido durante o debate “Plano Nacional de Enfrentamento das Violências Contra Crianças e Adolescentes: Avanços e Desafios”, realizado de modo virtual durante a 74ª Reunião Anual da SBPC nesta quarta-feira (27), às 16h.

O painel foi mediado por Anelise Gregis Estivalet, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), e contou com a participação de Nilcea Moreno da Silva, supervisora em cursos da área de Educação e Sócioeducação (Centro de Estudos Avançados de Governo e Administração Pública – CEAG e Programa de Estudos e Atenção às Dependências Químicas – PRODEQUI) da UnB.

O “Plano Nacional de Enfrentamento das Violências Contra Crianças e Adolescentes” institui a implantação e o desenvolvimento dos Centros de Atendimento Integrado para Crianças e Adolescentes vítimas ou testemunhas de violência. Segundo a medida, os Centros de Atendimento Integrado são equipamentos públicos que reúnem, em um mesmo espaço físico, programas e serviços voltados à proteção e ao atendimento por meio de equipes multidisciplinares especializadas.

Para Silva, nada se resolve com violência. É preciso cultivar o diálogo e sensibilizar os envolvidos por meio da sociabilização de dados, análises e reflexões sobre a violência contra crianças e adolescentes. A pesquisadora ainda afirmou que a escola tem um papel fundamental. “As crianças e adolescentes passam grande parte do seu dia na escola. Então é preciso promover momentos formativos de escutas, acolhimento, estudos e orientação dos serviços existentes, além de incorporar na proposta curricular ações sistemáticas de sensibilização e que promovam acesso à informação”, afirmou.

Segundo Estivalet, o papel da escola é importante, mas a parceria entre escola, família e sociedade é imprescindível para interromper o ciclo de violência contra crianças e adolescentes. A pesquisadora ainda apontou que a adoção de políticas públicas que mitiguem esse cenário desumano é de extrema urgência, porém implantar esse programa é um desafio. “Além de implantar o programa, temos que monitorar e analisar seus resultados. Não adianta ter um plano se não soubermos até que ponto as ações e os objetivos estão sendo alcançados”, pontuou.

Assista ao painel na íntegra:

https://www.youtube.com/watch?v=0y16ZieGXs0

Chris Bueno – Jornal da Ciência