CGEE concentra esforços para renovar contrato de gestão com governo

Presidente da SBPC reforça importância do CGEE para o desenvolvimento do País e diz que o órgão “tem de ter papel fundamental” para subsidiar o Conselho Nacional Científico e Tecnológico, em processo de reativação pelo Palácio do Planalto

Presidente
da SBPC reforça importância do CGEE para o desenvolvimento do País e diz que o
órgão “tem de ter papel fundamental” para subsidiar o Conselho Nacional
Científico e Tecnológico, em processo de reativação pelo Palácio do Planalto

No momento em que celebra 15
anos de contribuições à área da Ciência, Tecnologia e Inovação, o Centro de
Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) negocia com o governo federal o contrato
de gestão que foi prorrogado, em junho, por mais 12 meses. As negociações para
renovação do acordo, até 2021, estão em curso principalmente com os Ministérios
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Educação (MEC).

Na cerimônia de celebração
de 15 anos da instituição, na tarde desta terça-feira, 13, na sede do órgão, em
Brasília, o presidente do CGEE, Mariano Laplane, falou sobre os próximos passos
do órgão e que, em curtíssimo prazo, a prioridade é “definir os termos do novo
ciclo de contrato de gestão”. Segundo ele, esse processo passa pela definição
de eixos de atuação e linhas de trabalho prioritárias para os próximos cinco ou
seis anos.

“Isso requer uma visão
estratégica sobre quais serão os desafios e os problemas que o Brasil deverá
enfrentar e qual será a nossa contribuição potencial para que esses desafios
sejam enfrentados com sucesso”, declarou.

Presente à abertura da
cerimônia, o ministro Gilberto Kassab não entrou no mérito do contrário, mas
destacou a importância do CGEE para o desenvolvimento nacional. “Que possamos
não somente direcionar mais recursos, mas estabelecer mais parcerias para que o
CGEE, assim como as demais instituições vinculadas ao campo da ciência,
tecnologia e da inovação, possam contribuir para que o Brasil ultrapasse o
atual momento difícil que está vivendo”, disse. 

Conforme o ministro, não
existe país que não tenha superado as crises econômicas sem passar pelo
investimento em CT&I. De acordo com especialistas da área, a crise
orçamentária, agravada pela recessão econômica, tem comprometido o repasse
financeiro integral para as chamadas Organizações Sociais (OS). Nos últimos dois
anos, por exemplo, o quadro de funcionários do CGEE foi reduzido em cerca de
40%, em razão da dificuldade orçamentária. 

Laplane, que demonstra
otimismo com a renovação do contrato de gestão com o governo federal, observa a
necessidade de parcerias mais sólidas. “Temos a percepção de que a velocidade e
intensidade de transformação que a ciência e a tecnologia estão produzindo na
sociedade e na economia no mundo é enorme. E o Brasil precisará ter capacidade
de resposta muito ágil”, avaliou.

Segundo ele, o CGEE, com a
experiência acumulada em 15 anos, é a instituição com responsabilidade para
ajudar a identificar as alternativas disponíveis para o País e as mais
“exequíveis e urgentes”. “Esse é o conteúdo do plano de ação que precisamos
construir para os próximos cinco ou seis anos no CGEE”, adiantou Laplane.

Mesmo com o quadro de
funcionário mais curto, Mariano Laplane afirmou que o CGEE cumpriu todos os
compromissos. “As pessoas que trabalham aqui têm noção de que o CGEE é um
patrimônio do País. Demorou 15 anos para ser construído e tem resultados
promissores. Nesse tempo, nós crescemos. Não fomos tão longe como poderíamos
ter ido, mas não andamos para trás, e poucas instituições brasileiras podem
comemorar isso.”

Contribuições
do CGEE para o País

A presidente da SBPC, a
biomédica Helena B. Nader, discorreu sobre a importância do CGEE para o
desenvolvimento científico e tecnológico do País e destacou as publicações
(cerca de 400) sobre diversos temas da agenda do Sistema Nacional de Ciência,
Tecnologia e Inovação (SNCTI). Tais documentos traçam cenários e análises de
áreas como sustentabilidade na produção de alimentos, recursos humanos e
energia, com impactos positivos sobre a CT&I do País.

Nader citou como exemplo as
contribuições do órgão para a criação da Embrapii e no desenvolvimento do Livro Azul, lançado
na 4ª Conferência Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação para o
Desenvolvimento Sustentável, em 2010. A publicação mostra que a ciência, a
tecnologia e a inovação são importantes motores da transformação econômica e
social dos países.

Apesar dos impactos
positivos dos estudos do CGEE no País, a presidente da SBPC considera
necessário dar mais destaque a eles no Congresso Nacional que, segundo observa,
“aproveita pouco” as contribuições científicas do CGEE, espaço que congrega os
melhores pesquisadores para pensar e diagnosticar.

“Seria importante haver um
seminário na Câmara e no Senado para mostrar as contribuições do CGEE. Porque já
temos o diagnóstico do País, sobre onde estamos e aonde queremos ir. O que
precisa é articular isso com os diferentes atores”, avaliou.  “Temos todos os subsídios para fazer
políticas públicas embasadas sobre o que é melhor para o País. Mas se não tiver
o interlocutor do outro lado que ouça, leia e preste atenção, fica difícil. O
maior desafio do Brasil, agora, é voltar a acreditar que a ciência, tecnologia
e inovação vai nos tirar da crise econômica”, acrescentou. 

A presidente da SBPC
reforçou a necessidade de o Brasil investir na área de CT&I que, segundo
ela, é o grande desafio para a economia retomar o crescimento nos próximos
anos. “Se o Brasil não voltar a investir, de fato, em ciência, tecnologia e
inovação ficará para trás e não conseguirá dar um novo salto (de
desenvolvimento)”, avaliou.

Reforçando a importância do
CGEE para o País, a presidente da SBPC avaliou que o órgão “tem de ter papel
fundamental para subsidiar o Conselho Nacional Científico e Tecnológico, em
processo de reativação pelo Palácio do Planalto, em reconhecimento ao papel
estratégico do Conselho para o desenvolvimento do País”.

Viviane
Monteiro/ Jornal da Ciência