O antropólogo Darcy Ribeiro completaria 100 anos nesta quarta-feira (26/10). Ribeiro participou ativamente de reuniões e iniciativas da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), da qual foi sócio desde 1954 e conselheiro por dois mandatos, de 1977 a 1979, e de 1981 a 1983.
As aproximações entre Darcy Ribeiro e a SBPC foram iniciadas na 9ª Reunião Anual, realizada no Museu Nacional (MN) no Rio de Janeiro, em 1957, ano em que a Sociedade se abriu às ciências humanas, conforme conta a socióloga e professora da Universidade Estadual do Espírito Santo (UFES), Adelia Maria Miglievich Ribeiro, no artigo “Darcy Ribeiro e UnB: intelectuais, projeto e missão”, de 2017. “Darcy fora incumbido de promover a interlocução destas com as demais ciências. A partir daí, haviam se iniciado grupos de trabalho sobre o planejamento da UnB (Universidade de Brasília), ocorrendo diversas reuniões informais na residência dos cientistas engajados ao longo daqueles quatro anos que anteciparam a realização, em 1960, em novo congresso da sociedade científica, de uma sessão especial dedicada à futura universidade”, rememora.
Fernanda Sobral, vice-presidente da SBPC, também detalha como a relação entre Darcy Ribeiro e a SBPC mistura-se com a história da criação da Universidade de Brasília. Em seu artigo “SBPC e UnB: uma longa história”, publicado neste ano no portal UnB Notícias, ela conta que o plano de estruturação da UnB aconteceu durante simpósio convocado pela SBPC, nos dias 27 e 28 de outubro de 1961, na sede do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais. Ela cita que junto a tantos outros cientistas, intelectuais e professores, estava Darcy Ribeiro. A Universidade foi criada em abril de 1962, e Ribeiro foi nomeado seu primeiro reitor. Ele também foi um dos idealizadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF).
O centenário de nascimento de Darcy Ribeiro é o destaque deste mês no calendário “Grandes momentos e personalidades da ciência brasileira” da SBPC, cuja versão em PDF pode ser baixada gratuitamente no site da entidade. A publicação traz a fotografia de Ribeiro falando para um auditório lotado na 31ª Reunião Anual da SBPC, em 1979.
Darcy Ribeiro nasceu em Montes Claros (MG), em 26 de outubro de 1922, e faleceu em Brasília, DF, em 17 de fevereiro de 1997. Antropólogo de formação, dedicou-se ao estudo e à proteção dos povos indígenas, atuou no Serviço de Proteção ao Índio por quase uma década, e contribuiu para a criação do Museu do Índio, em 1953. Também foi um dos idealizadores do projeto do Parque Indígena do Xingu.
No mesmo ano da criação da UnB, 1962, Ribeiro foi nomeado Ministro da Educação do Governo João Goulart. No ano seguinte, foi convidado para a chefia da Casa Civil, onde permaneceu até março de 1964.
Darcy Ribeiro e sua atuação política não passaram ilesos pelo período militar. Foi preso, cassado e exilado. No exílio, participou de reformas universitárias pela América Latina. Retornou ao Brasil e em 1983 foi eleito vice-governador do Rio de Janeiro, ao lado do governador Leonel Brizola. Nesse período, criou os CIEPs – Centros Integrados de Educação Pública.
Em 1990, foi eleito senador e participou na elaboração da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (Lei nº 9.394/1996). Exerceu o mandato de senador pelo Rio de Janeiro de 1991 até sua morte em 1997.
Deixou um legado de dezenas de obras importantes sobre etnologia, antropologia e educação, entre eles o livro “O povo brasileiro” (1995), além de ensaios e romances.
Jornal da Ciência