No segundo dia e último dia da Feira de Ciências do Colégio Estadual Indígena de Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália (BA), o programa SBPC vai à Escola promoveu uma experiência intercultural ao levar estudantes por um passeio na Aldeia Reserva da Jaqueira.
Com o tema “Ãbakahay Upâ Arupãb Pataxó: memórias da educação Pataxó” o evento tem apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), e do PET – Comunidades Indígenas, programa de Educação Tutorial voltado para as comunidades indígenas da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Os dois primeiros dias de Feira contaram com rodas de conversas sobre direitos, saúde, educação e inclusão indígenas.
Segundo Felipe Bruno Martins Fernandes, docente da UFBA e responsável pela programa na região, a atividade foi direcionada para cerca de 30 alunos da universidade – dentre eles estudantes do Programa de Pesquisas sobre Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro (PINEB) – que ministraram oficinas durante a Feira. “Entre esses alunos estão indígenas de outros povos, por isso, a atividade foi uma ótima oportunidade de troca de saberes entre eles”, comenta.
Os alunos visitaram diversas instalações, dentre elas, a Casa do Museu Pataxó, e conversaram com o cacique da aldeia.
Maria do Rosário de Carvalho, professora titular da UFBA, conta que a Reserva da Jaqueira foi criada na década de 90, mas que os Pataxós sempre estiveram na região. Hoje a Reserva ocupa 827 hectares de Mata Atlântica preservada onde vivem 34 famílias ainda mantendo alguns costumes milenares do povo Pataxó. “Eles estão vivendo em uma área preservada e conquistada”, diz.
Além da Casa do Museu Pataxó, a área conta com lojas que divulgam o artesanato dos povos e uma escola do ensino básico. “O turismo da região, além de divulgar a cultura do Povo Pataxó, é uma maneira de assegurar a reprodução social desse povo, tanto que a Reserva da Jaqueira comercializa produtos de outras aldeias”, explica Miriam Grossi, professora do Departamento de Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e diretora da SBPC, que ministrou oficinas no primeiro dia do evento.
Felipe Fernandes, responsável pelo programa SBPC vai à Escola da região, ressalta a importância do projeto para promover a divulgação científica. “Submetemos o projeto com o objetivo de contemplar atividades relativas ao Bicentenário da Independência, e a ciência indígena não poderia ficar de fora por tudo que representa”, comenta. “Tivemos muitos apoios para a realização da atividade, mas o programa foi a coluna vertebral para sua execução”.
Vivian Costa – Jornal da Ciência